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Aventura teste: 6.000 km com a Honda Africa Twin

13/03/2017 - 09:46 - Cicero Lima / Agência INFOMOTO - FOTOS: Renato Durães/Divulgação
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A CRF 1000L Africa Twin desembarcou no Brasil no final do ano passado. Com a proposta de ser uma bigtrail valente no fora-de-estrada, mas também confortável para longas viagens, o modelo também colocou a Honda na disputa por um dos segmentos que mais cresce no mundo todo. 

Para avaliar a Africa Twin embarcamos em uma viagem que habita o imaginário dos aventureiros, o público alvo dessa bigtrail: atravessamos a América do Sul de leste a oeste em um super teste que durou 12 dias. O roteiro ligou os Oceanos Atlântico, no litoral paulista, e o Pacífico, cruzando a fronteira entre Brasil e Peru pelo estado do Acre. 

O percurso reuniu diversos tipos de estrada e condições climáticas. Situações ideais para avaliar o desempenho e o conforto da bigtrail. Para essa longa aventura, escolhemos a versão Travel Edtion, vendida por R$ 74.900, que já vem com malas laterais, top-case, além de protetores de mão, do motor e cavalete central de série. 

Confira como a Honda Africa Twin se sai em diversos quesitos importantes em uma moto feita para viajar. E saiba se vale a pena desembolsar toda essa grana por ela.

Pauleira com conforto e segurança

A rotina dessa aventura teste não foi fácil: os deslocamentos diários superavam os 800 km com temperaturas acima dos 35 graus. Boa oportunidade para avaliarmos o conforto “touring” prometido pela Africa Twin. Como o banco possui espuma de boa densidade, chegávamos ao hotel sem sentir dores ou incômodos. Claro que, depois de várias horas sobre a moto, era preciso alongar o corpo – fizemos paradas a cada 200 km em média.

A regulagem de altura do assento é outro item de conforto da CRF 1000L. Na posição mais baixa (850 mm), permite que pilotos baixos – como eu, que meço 1,66 m - alcancem os pés no chão e faça manobras com mais facilidade. O peso reduzido (212 kg a seco) e o centro de gravidade baixo também facilitam a tarefa. 

A posição de pilotagem com o corpo ereto ajuda muito nos primeiros dias de viagem, quando o corpo não está acostumado. O para-brisa, mais alto na versão Travel Edition, garante boa proteção contra o vento e a chuva. Feito de acrílico não distorce a visão, porém, sua posição quase vertical dificulta o escoamento das gotas de chuva e acumula sujeira que atrapalha a visão – e à noite os insetos, atraídos pelo farol, grudam no para-brisa e pioram ainda mais a visibilidade. 

Falando em farol, o LED funciona como um canhão de luz e oferece muita segurança. Em um dos trechos mais complicados da viagem, entre Cuzco e Nazca, enfrentamos uma tempestade em uma subida de serra e o facho de luz branca ajudou a enxergar os muitos buracos da estrada através da neblina. 

Versátil e valente

Nesses momentos – enfrentando estradas esburacadas e asfalto ruim – a roda dianteira de 21 polegadas na Africa Twin justifica-se: bastava relaxar os braços, ficar de pé nas pedaleiras com as pernas flexionadas e deixar o conjunto suspensão/rodas absorver as imperfeições do piso. 

Enquanto isso, o controle de tração cumpria seu papel. Mantido na posição mais intrusiva – nível três – a luz no painel advertia que a roda traseira estava patinando e cortava o giro do motor. O controle de tração também ajudou a enfrentar a água de degelo na base da Cordilheira dos Andes, onde as depressões no asfalto por onde corre a água têm piso liso e derruba muita gente. 

As cidades pequenas do Peru apresentam um trânsito frenético. Pedestres, animas e pilotos de tuc-tuc surgem “do nada”, obrigando uma frenagem de emergência. Os dois discos dianteiros deram conta do recado sem sustos ou risco de queda, mesmo em piso sem aderência, graças ao ABS – que, vale dizer, pode ser desligado para rodar na terra.

Bom desempenho 

Um dos pontos mais polêmicos sobre a nova bigtrail da Honda foi quanto ao desempenho do seu motor: o bicilíndrico de 999,1 cm³, arrefecido a líquido, produz “somente” 90,2 cavalos, menos do que a potência de três dígitos das concorrentes. 

A Africa Twin não se comporta como uma moto de 125 cv, mas seu desempenho é bom o suficiente para acelerar com vigor até 170 km/h. Acima disso, perde um pouco do fôlego, mas empurra até chegar a 200 km/h – o que, convenhamos, é suficiente e bem acima dos limites legais. 

Mas a grande vantagem do motor é o torque desde os baixos giros – até atingir o máximo de 9,3 kgf.m a 6.500 rpm. Em conjunto com um câmbio de seis velocidades bem escalonado, era possível dar aquela “esticada” para ultrapassar a longa fila de caminhões que transportam soja e milho no centro-oeste brasileiro. 

Manutenção

Por outro lado, as retomadas no asfalto quente desgastaram o pneu traseiro principalmente na banda central – após 6.000 km, acreditamos que não aguentaria a volta e teria de ser substituído. 

Não tivemos de trocar o pneu, mas a câmara de ar sim. A Africa Twin tem rodas raiadas calçadas com pneus “tube type”, ou seja, que usam câmara. Como ter um pneu furado é praticamente uma certeza em uma longa viagem – isso fatalmente aconteceu em nossa aventura teste. Para nossa sorte, tínhamos um carro de apoio e embarcamos a moto na carreta até encontrarmos um borracheiro. 

Mas, caso estivesse sozinho, teria de desmontar a roda, tirar o pneu do aro e trocar a câmara de ar. Embora tenha cavalete central, que ajuda nessa tarefa, lembre-se de levar espátulas, bomba de ar, ferrramentas e uma câmara sobressalente se for viajar com a bigtrail da Honda. 

Outra preocupação era o estado da transmissão final, pois diferentemente de outras bigtrails que têm eixo-cardã, a Honda optou pelo conjunto corrente, coroa e pinhão na Africa Twin. Mesmo rodando em ritmo forte, somente após 3.825 km, já em Rio Branco (AC), fizemos uma revisão: o conjunto estava em boas condições, mas foi preciso regular e lubrificar a corrente. 

Consumo e autonomia

A cada 200 quilômetros, fazíamos uma parada para esticar as pernas e tomar um café. Aproveitávamos para abastecer o tanque de 18,8 litros e verificar o consumo. Foram mais de 30 medições, variando de 14,15 km/litro a 18,49 km/litro. Rodando sempre entre 120 e 140 km/h, o consumo médio ficou na casa dos 16 km/litro. Ou seja: a autonomia da Africa Twin supera facilmente os 300 km. Portanto não se assuste quando a luz de reserva acender logo depois de 200 km rodados e o computador de bordo indicar quantos quilômetros é possível rodar antes de ter uma pane seca. 

Conclusão

Depois de rodar 6.000 km e finalmente chegar às margens do oceano Pacífico foi possível perceber que a Africa Twin nasceu para uma longa aventura, como essa. E com a capacidade de levar o piloto por estradas de terra, sem o temor de ficar atolado ou sofrer por conta do peso excessivo da moto. 

No asfalto, a Africa Twin mostrou grandes atributos, como conforto, segurança e maneabilidade. A roda aro 21 e o peso reduzido conferem uma agilidade poucas vezes vista em uma bigtrail de 1.000cc. Para fazer uma longa viagem como essa, a versão Travel Edition, que traz o jogo completo de malas, justifica o investimento. As malas destacáveis são práticas e usam a mesma chave da ignição. 

Claro que o consumidor tem que levar em consideração que com os R$ 74.900 pedidos pela Africa Twin, pode-se optar por alguma concorrente europeia com mais recursos eletrônicos e itens de conforto, mas sem a mesma versatilidade no off-road. A bigtrail da Honda fica devendo alguns itens, como aquecedor de manoplas, por exemplo, que não é vendido nem como acessório original.

Ficha Técnica 

Motor
Dois cilindros paralelos, arrefecimento líquido, quatro tempos com quatro válvulas por cilindro e sistema Unicam
Capacidade do Motor    999,1 cm³ 
Diâmetro x Curso    92,0 x 75,1mm 
Potência Máxima    90,2 cv a 7.500 rpm 
Torque Máximo    9,3 kgf.m a 6.000 rpm
Embreagem    Úmida, multi-discos
Câmbio    Seis marchas
Transmissão Final    Corrente selada por O-rings 
Ciclística
Quadro:    Semi-duplo berço em aço, com sub-quadro traseiro integrado, também em aço 
Suspensão dianteira: Garfo Showa invertido de 45 mm, tipo cartucho, com ajuste de pré-carga em extensão e compressão. 230mm de curso
Suspensão traseira: Balança em alumínio fundido com amortecedor traseiro e reservatório de gás separado com ajuste em extensão e compressão. 220 mm de curso 
Roda Dianteira    Aro de alumínio com raios 21x 2,15 
Roda Traseira    Aro de alumínio com raios 18 x 4,00
Pneu Dianteiro    90/90-21 com câmara 
Pneu Traseiro    150/70-18 com câmara 
Freio dianteiro    Dois discos flutuantes de 310 mm, pinças radiais de 4 pistões + ABS
Freio traseiro    Disco flutuante de 256 mm com pinça de 1 pistão + ABS 
Dimensões
Distância Entre Eixos    1.574mm 
Altura do assento    870/850mm 
Altura livre ao Solo    250mm 
Peso a Seco    212 kg (ABS) 
Tanque de Combustível: 18,8 litros (3,6 reserva) 
Garantia    Três anos sem limite de quilometragem com Honda Assistance 24 horas
Preço    R$ 74.900 (Travel Edition)

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