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Avaliamos a Kawasaki Concours 14 e vimos que ela oferece conforto sem perder o lado radical

19/04/2012 - 17:04 - TEXTO: André Jordão / Agência INFOMOTO / FOTOS: Renato Durães / Agência INFOMOTO
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Quando a Kawasaki Concours 14 foi apresentada no Salão Duas Rodas 2011, seu imponente visual chamou mais atenção do que os dados técnicos, que fazem desta motocicleta de turismo quase um projeto esportivo. São 155 cavalos de potência e 14,1 kgf.m de torque máximo. Números impressionantes produzidos por um propulsor de arquitetura clássica: quatro cilindros em linha e refrigeração líquida.

Com bom torque e alto desempenho, essas especificações técnicas revelam a preocupação da Kawasaki em fazer uma motocicleta voltada para o mototurismo, mas com o espírito “Ninja” de suas superesportivas — sem falar da “economia” de componentes, já que a Concours é derivada da ZX-14. E isso tudo fica muito claro ao pilotar a touring da Kawasaki. A moto oferece torque à vontade em todas as faixas de rotação do motor e desempenho de sobra, auxiliados por uma aerodinâmica privilegiada, eletrônica embarcada e os acessórios que fazem da Concours uma legítima moto de turismo, mas de alma esportiva.
 
Eletrônica embarcada

Antes de retirar a Concours 14 da revenda da Kawasaki precisei receber algumas instruções do vendedor. Controle de tração (KTRC), freios ABS (K-ACT), manoplas aquecidas e mais alguns mimos que tentam justificar os R$ 74.990 cobrados pela marca foram cuidadosamente explicados.

Mas teoria é teoria, então vamos à prática. Criado para as motos superesportivas da Casa de Akashi, o sistema de controle de tração KTRC também faz parte da Concours. É complicado colocá-lo à prova com 304 quilos em ordem de marcha, mas quando requisitado trabalhou bem.

A intenção desta eletrônica, principalmente em uma moto de turismo, é auxiliar o motociclista em caso uma chuva forte ou em pisos irregulares. Como não passei por nenhuma situação extrema, fui até uma estrada de terra somente para avaliar o KTRC. Com o sistema ativado, a moto corrige qualquer aceleração mais brusca e que possa causar uma perda de tração na roda traseira. Parece que a moto está “engasgando”, mas na verdade é o KTRC evitando que o piloto perca aderência.

Outro aparato eletrônico que equipa a Concours é o freio ABS K-ACT (Tecnologia de Frenagem Co-ativa Avançada). Sua função é distribuir a tensão de frenagem entre as duas rodas. Ou seja, quando o freio traseiro é acionado, os discos dianteiros também auxiliam a frear a moto. Na prática percebe-se que isso também acontece com o K-ACT desligado, só que em menor proporção. Não gostei da sensibilidade do sistema. Basta um leve toque no pedal de freio para que o trem dianteiro enfrente um efeito mergulho, por isso é melhor ser usado somente por motociclistas mais experientes ou que estejam carregando muita carga.
 
Ergonomia touring

Além dos sistemas eletrônicos que deixam a pilotagem mais segura, a Kawasaki também disponibilizou alguns recursos que ajudam na ergonomia e conforto do piloto. Caso das manoplas aquecidas. Não é um item imprescindível em uma motocicleta, mas com certeza irá ajudar a postergar um possível desconforto quando se roda pela região Sul, além de permitir ao piloto rodar por mais alguns quilômetros — o que às vezes é essencial em motos deste segmento usadas em longos percursos.

Outro detalhe muito funcional é o parabrisa com acionamento elétrico. Basta acessá-lo no punho esquerdo, com a moto em movimento ou não, e regular na altura desejada. O piloto fica completamente amparado, sem qualquer resquício de vento no peito — ou capacete, dependendo da altura do piloto. Aqui cabe uma ressalva. Com 1,90m e mais de 400 quilômetros rodados, comecei a ficar com uma dor incomoda no pescoço. Não consegui manter a coluna ereta, senão esticaria muito o braço, e não é possível “carenar” por completo, devido a proposta da moto e ao guidão alto (estilo gaivota). Talvez um piloto de menor estatura não sinta esse incômodo.

A Kawasaki ainda se preocupou em instalar um inteligente sistema de regulagem dos faróis. Em frente ao piloto, abaixo do painel, ficam dois botões que permitem subir e descer o conjunto óptico. Se a moto estiver muito pesada (carregada), ou sem peso algum, o motociclista pode ajustar de forma fácil e rápida obtendo uma iluminação mais eficiente e segura.
 
Visual

Ao olhar a Concours 14 nota-se sua aptidão estradeira. Seu tamanho impressiona — são 2230 mm de comprimento e 790 mm de largura —, mas basta sair da concessionária para ficar completamente familiarizado com o novo modelo de turismo da Kawasaki.

As duas malas laterais contribuem para o visual exagerado, mas só atrapalharão no perímetro urbano. É só acelerar na estrada que o peso extra da bagagem desaparece e os bauletos se tornam parceiros de viagem. Vale dizer que o KIPASS (Kawasaki´s Intelligent Proximity Activation Start System) permite ao condutor ficar com a chave (presencial) no bolso e com ela abrir o tanque de combustível e as malas laterais, facilitando a vida do motociclista. Ou seja, não é preciso desligar a moto para acessar o bauleto.

Visualmente, a Concours também carrega linhas semelhantes às de sua irmã mais veloz, a ZX-14R. Entretanto, os dois blocos do conjunto óptico são maiores, oferecendo uma melhor iluminação para viagens noturnas. Os grandes retrovisores acompanham as proporções do modelo e foram colocados logo abaixo do parabrisa, formando uma linha com o painel de instrumentos.

Composto por uma tela de LCD e dois grandes mostradores analógicos com funções de velocímetro e conta-giros, o painel inclui também as luzes-espia e um computador de bordo completo, que mostra até a pressão dos pneus, por exemplo.
 
Motor e ciclística

A Concours 14 recebeu o motor da ZX-14R. Portanto, seu propulsor de 1.352 cm³, DOHC, 16 válvulas, 4 cilindros em linha e refrigeração líquida, é capaz de gerar 155 cavalos de potência máxima a 8.800 e 14,1 kgf.m a 6.200 rpm. Muita força e desempenho para uma motocicleta de turismo. Mas calma, os engenheiros da Kawasaki distribuíram muito bem o torque em todas as faixas do motor e isso ajuda muito o piloto — principalmente os menos experientes.

Na cidade não é preciso mudar de marchas o tempo todo. E na estrada (seu habitat) a última faixa do motor, overdrive, não exige em nenhum momento uma redução de marcha — é possível viajar dos 60 km/h aos 160 km/h com a sexta marcha engatada.

Essa característica contribuiu para o consumo da Concours: durantes a sessão de fotos e rodando em trechos urbanos a moto fez pouco mais de 15 km/l. Quando passei a rodar exclusivamente em rodovias e na overdrive o consumo melhorou, quase 17 km/l. Sendo que o tanque de combustível tem capacidade para 22 litros. Dessa forma a moto pode rodar mais de 350 km.

Outro fator que ajuda ao motociclista viajar tranquilo é a relação secundária por meio de eixo-cardã. Ao contrário da corrente, a peça não precisa de manutenção com lubrificações constantes, verificação de tensão e ainda oferece mais conforto.

Lembrando que basta abrir o acelerador na saída de um pedágio para que a velocidade aumente rapidamente, na mesma proporção que o combustível é queimado. Já para frear essa robusta e potente motocicleta, a Kawasaki optou por utilizar disco duplo de 310mm em formato margarida e pinça dupla com pistão duplo na dianteira. E disco simples de 270mm (também formato margarida) e pinça com pistão simples na traseira. Com o auxilio do ABS, os freios se mostraram eficientes. Todavia, o auxilio do K-ACT deixa o pedal de freio traseiro muito sensível, vale insistir.

O conjunto de suspensões também agradou, embora não traga qualquer novidade: garfo telescópico invertido de 43 mm traz compressão e retorno na pré-carga da mola ajustáveis no trem dianteiro e suspensão uni-track (e amortecedor a gás), com retorno, compressão e pré-carga da mola totalmente ajustáveis na traseira. Com guidão bem alto, a Concours não é uma eximia fazedora de curva, mas deita com estilo se o piloto entrar na curva com exatidão.
 
Mercado

Com preço sugerido de R$ 74.990, a Concours 14 chega cobrando caro pelo seu excelente conjunto. Se comparada à BMW K 1300 S, versão standard com freios ABS, que custa por R$ 68.900 e a Honda VFR 1200F, que tem preço de R$ 69.900, o valor da touring da Kawasaki intimida. No entanto, a Concours 14 tem condições de ser comparada também a BMW K 1600 GT (R$ 99.500) e à Honda Goldwing (R$ 92.000), deixando-a em posição de vantagem no preço.
 
Ficha Técnica Kawasaki Concours 14
 
Motor 1.352 cm³, 4 tempos, 4 cilindros em linha com refrigeração líquida
 Cilindrada 1.352 cc
 Diâmetro x curso 84,0 x 61,0 mm
 Sistema de válvulas DOHC, 16 válvulas VVT
 Potência máxima 155 cv a 8.800 rpm
 Torque máximo 14,1 kgf.m a 6.200 rpm
 Sistema de combustível Injeção eletrônica
 Sistema de ignição Digital
 Sistema de partida Partida elétrica
 Sistema de lubrificação Lubrificação forçada (cárter úmido)
 Transmissão 6 velocidades
 Sistema de acionamento Eixo-cardã
 Sistema de embreagem Multidisco, em banho de óleo
 Tipo de quadro Monochoque em Alumínio
 Suspensão dianteira Garfo telescópico invertido de 43 mm com compressão e retorno na pré-carga da mola ajustáveis
 Suspensão traseira Uni-Track com amortecedor a gás, com retorno, compressão e pré carga da mola totalmente ajustáveis
 Curso da suspensão dianteira 113 mm
 Curso da suspensão traseira 136 mm
 Pneu dianteiro 120/70ZR17M/C (58W)
 Pneu traseiro 190/50ZR17M/C (73W)
 Freio dianteiro Disco duplo de 310 mm em formato margarida, pinça dupla com pistão duplo
 Freio traseiro Disco simples de 270 mm em formato margarida, pinça com pistão simples
 Dimensões C x L x A 2.230 mm x 790 mm x 1.345 mm
 Distância entre eixos 1.520 mm
 Distância do solo 125 mm
 Altura do assento 815 mm
 Capacidade do tanque 22 litros
 Peso em ordem de marcha 304 kg (ABS)
 Cor Preta
 Preço R$ 74.990

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