Brasileiros dão pouco valor para itens de segurança veicular

Um preocupante balanço de acidentes ocorridos durante os feriados de Natal e Ano Novo demonstram a gravidade de um dos principais problemas do trânsito no Brasil: a segurança dos veículos e de seus passageiros. Agora são as chuvas - acima do volume médio em muitas regiões - que têm contribuído para elevar ainda mais o número de acidentes, tanto nas estradas quanto nas grandes cidades.

Além da atenção redobrada do motorista, a presença de itens de segurança nos veículos pode ajudar a diminuir essa estatística, especialmente em acidentes envolvendo vítimas fatais. É o caso do ABS - Sistema Antibloqueio de Frenagem, que evita o travamento das rodas em frenagens de emergência, fato que ocorre em maior freqüência nas pistas molhadas e escorregadias.

O principal objetivo do ABS é permitir que o automóvel obedeça à trajetória determinada pelo volante do veículo e que o motorista desvie do obstáculo, caso não haja espaço suficiente para parar o carro. Mas em várias situações ele ainda proporciona a redução significativa da distância de parada do veículo - chegando a diminuir essa distância em até 23% em asfalto molhado, quando o veículo é conduzido a 80 km/hora.

Já disponível no Brasil, o ABS começa a estar mais presente na maioria dos veículos. Segundo pesquisas da Bosch (única empresa que faz o equipamento no país), 13% dos veículos licenciados em 2006 tinham ABS instalado. Porém este número ainda é muito inferior ao de países como EUA (91%), Coréia (64%) ou China (57%). “O aumento do uso desta e de outras tecnologias de segurança ativa é um dos caminhos para tornar o trânsito brasileiro mais seguro no futuro”, afirma Geraldo Gardinalli, gerente de Engenharia de Aplicação de ABS da Robert Bosch América Latina.

Incentivo no exterior

A preocupação com o impacto dos acidentes de trânsito na segurança pública é pauta em vários países, fazendo com que alguns tenham definido políticas claras de redução de acidentes. O departamento de transportes americano, por exemplo, assumiu o compromisso de reduzir a taxa de fatalidade de trânsito em 25% entre 2005 e 2008, a comunidade européia a de reduzir em 50% o número de fatalidades entre 2005 e 2010, e o governo japonês em reduzir 37% o número de fatalidades entre 2005 e 2010.

Entre as várias iniciativas adotadas por estes governos, um destaque é o incentivo ao aumento da tecnologia embarcada dos veículos. Estatísticas do governo alemão mostram que naquele país, onde diversas tecnologias têm sido constantemente incorporadas ao longo de décadas, o número de fatalidades reduziu-se em 75% entre 1970 e 2005, apesar do tráfego de veículos ter triplicado neste período.

Neste cenário, as tecnologias capazes de evitar que um acidente ocorra têm papel de destaque. Elas têm como base o ABS, lançado em 1978 e que passou a ser fabricado no Brasil em agosto de 2007. Sistemas derivados do ABS, como, por exemplo, o ESP® - Programa Eletrônico de Estabilidade, são também mundialmente reconhecidos como a maior invenção de segurança veicular depois do cinto de segurança.