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De março para o abril, o valor médio das importações diárias de combustíveis e lubrificantes subiu de US$ 130,6 milhões (cerca de R$ 210 milhões) para US$ 171,6 milhões (cerca de R$ 275 milhões). Na comparação entre abril deste ano e abril do ano passado, o crescimento das importações foi de 40,9%. Há um ano, a média diária de importações de combustíveis e lubrificantes estava em U$S 121,9 milhões (R$ 195,5 milhões).
Na divulgação da balança comercial, o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, afirmou que o aumento das importações de combustíveis foi causado pelo crescimento da demanda, mas que a situação tende a voltar à normalidade.
Para o consultor e ex-superintendente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Adriano Pires, o aumento da importação de combustíveis foi causado principalmente pela compra de gasolina. Vale ressaltar que o dado da balança diz respeito à compra, no mercado externo, de combustíveis em geral e de lubrificantes, não há dados separados sobre a importação de gasolina. Pires disse que o consumo de gasolina aumentou muito nos últimos meses e as distribuidoras nacionais, entre elas a Petrobras, tiveram que importar o produto para suprir a demanda interna.
“O Brasil está sem gasolina”, afirmou Pires à Agência Brasil. “O mercado cresceu muito e não temos produção para atender a todos.” Em fevereiro, a Petrobras anunciou que iria importar o produto diante do aumento da demanda, “consequência da redução da oferta de etanol no mercado" e também da redução, em termos percentuais, da mistura de etanol anidro à gasolina.
Na nota divulgada então, a estatal afirmou que o volume a ser importado representava o consumo de três dias, “nas condições atuais de demanda aquecida.” E registrava que o crescimento no consumo de gasolina tinha sido entre 15% e 20% nos dois primeiros meses de 2010, em relação ao mesmo período de 2009, em função da redução da oferta de etanol. O combustível renovável sofre oscilações de oferta devido aos períodos de entressafra da cana-de-açúcar. Além disso, a Petrobras garantiu que a importação não teria influência nos preços cobrados pela gasolina em suas refinarias.
Na avaliação de Adriano Pires, o aumento da demanda por gasolina tem dois motivos básicos: primeiro, o aumento da frota; segundo, a opção de parte dos consumidores de abastecer seus veículos com gasolina devido à alta do etanol nos postos de combustível. Em abril, o preço do álcool combustível subiu 10,36% nos postos de São Paulo, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A gasolina aumentou 6,62%.
O aumento da gasolina, contudo, não tem a ver com o crescimento das importações, segundo o professor e pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV) Mauricio Canêdo. Para ele, a alta está ligada ao preço do álcool, que compõe até 25% da gasolina vendida nos postos.
Canêdo afirmou que a Petrobras mantém o preço da gasolina pura, vendida por suas refinarias, desde 2009. Isso acaba fazendo com que a gasolina importada tenha preços parecidos com os da nacional. O pesquisador disse, porém, que não é possível saber se a estatal conseguirá segurar o preço do combustível por mais tempo caso o preço do petróleo aumente. “Não dá para manter o preço indefinidamente. Talvez a Petrobras não consiga segurar”, afirmou. Se o preço aumentar nas refinarias, a tendência é aumentar também nos postos e isso teria impacto na inflação, segundo Canêdo.
Em reposta à Agência Brasil, sobre a capacidade de atendimento da demanda e o preço da gasolina, a Petrobras garantiu que suas refinarias têm condição de atender à demanda nacional de combustíveis e que não prevê aumentar o preço da gasolina vendida às empresas que distribuem o produto aos postos do país.
A empresa ressaltou, entretanto, que “nos primeiros meses do ano, houve aumento inesperado do consumo [de gasolina]”. Por isso, ela “cancelou as exportações de gasolina e importou 1,5 milhões de barris em abril e vai importar um milhão de barris em maio".
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