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Direto de Inglaterra, fomos conferir as armas da Triumph para o mercado nacional

24/09/2012 - 09:29 - Arthur Caldeira / Agência INFOMOTO de Hinckley, Inglaterra* - FOTOS: Arthur Caldeira/ Agência INFOMOTO
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O mercado de motocicletas acima de 500 cc caiu pela metade em todo o mundo desde a crise financeira mundial em 2008. Em 2007 as vendas nesse segmento alcançaram 1.300.000 unidades. No ano passado, esse número ficou em torno de 700.000. Por outro lado, a Triumph cresceu no período. Se, há cinco anos, a fábrica inglesa vendeu 39.664 motocicletas. No ano fiscal de 2011, foram 48.062 motos Triumph comercializadas.

 

Relativamente pequena se comparada às japonesas e focada somente no mercado de motos grandes, leia-se acima de 500 cc, a Triumph Motorcycles já conta com cinco fábricas em todo o mundo – duas em Hinckley, na Inglaterra, e outras três na Tailândia. E prepara outra em Manaus (AM), onde serão montados alguns modelos pelo sistema CKD (complete knocked down), e que marcará a chegada oficial da marca inglesa ao País. Juntamente com a operação no Brasil, a Triumph também vai entrar de forma oficial na Índia, dois dos principais mercados emergentes do mundo.

 

Um pouco de história

 

Uma das mais antigas fábricas de motocicletas em atividade no mundo – senão a mais antiga – a Triumph construiu sua primeira moto em 1902. Cresceu nas primeiras décadas do século passado, foi impulsionada pelas duas Grandes Guerras Mundiais, porém teve sua fábrica em Coventry destruída pela Força Aérea Alemã, durante a Segunda Guerra. Renasceu e gozou de enorme reputação até meados de 1970, quando começou sua decadência ao lado de outras marcas inglesas que sofriam com a forte concorrência japonesa. Honda, Yamaha, Kawasaki e Suzuki chegaram com modelos confiáveis, a preços mais acessíveis e com uma excelente capacidade industrial.

 

Em 1983, a fábrica fecha as portas. John Bloor, empresário do ramo de construção civil, adquire o nome Triumph e algumas Bonnevilles, a emblemática naked que fez o nome da marca nas décadas anteriores, continuam a ser fabricadas sob licença. Até 1990, Bloor investiu tempo e dinheiro para entender o negócio de motocicletas e construiu uma fábrica em Hinckley, a 22 quilômetros da antiga sede da empresa.

 

No Salão de Motos de Colônia (Alemanha) de 1990, a Triumph voltou à ativa com seis novos modelos, sempre apostando nas motos grandes e no motor de três cilindros. Desde então, surgiram alguns que se tornaram ícones, como a naked Speed Triple e a bigtrail Tiger em 1994. Expandiu-se pelo mundo e reconquistou seu lugar no imaginário dos motociclistas.

 

Desta forma, a marca passou de modestas 10.000 unidades, vendidas em 1995, para cerca de 50.000 no ano passado. “Desde 2000 tivemos um crescimento de 146%”, comemora Paul Stroud, diretor de marketing e vendas da Triumph Motorcycles.

 

Presente em mais de 30 países, com importadores independentes ou subsidiárias próprias, a Triumph tem hoje mais de 700 revendedores para comercializar os 23 modelos de sua gama (incluindo versões) e registrou um faturamento em torno de R$ 1 bilhão no último ano fiscal – julho 2011 a junho 2012. Líder no mercado de motos grandes na Inglaterra (com 16,6 %), a marca tem visto seu market share crescer em outros países. Tem nos Estados Unidos seu maior mercado com mais de 11.000 unidades vendidas em 2011 e espera que o Brasil ocupe um lugar de importância nos negócios da empresa.

 

Três pilares

 

Analisando as últimas duas décadas de atuação da empresa, é fácil compreender o sucesso da “moderna” Triumph, chamada de era John Bloor pelos funcionários e fãs da marca. A começar pela parte industrial. “Uma das principais mudanças da Triumph atual para antiga fábrica foi a modernização dos processos industriais. Um dos aprendizados de John Bloor antes de reativar a empresa foi visitar as fábricas orientais: como produzir motos de qualidade em escala industrial”, revela Paul Stroud. A globalização da produção e o investimento na modernização dos processos permitiram à Triumph crescer para novos mercados.

 

Do ponto de vista comercial e de marketing, Paul Stroud, oriundo da indústria automotiva e ex-diretor da Harley-Davidson na Inglaterra, aponta três razões para o sucesso recente: “constante atualização dos modelos e lançamento de novas motos, mudança na estrutura dos revendedores e excelência no atendimento ao cliente”.

 

Como exemplo cita a Bonneville, até hoje no line-up da marca: “a Triumph fez a primeira Bonneville em 1959 e dependeu praticamente só dela para se manter até a década de 1970. O resultado vocês conhecem”, declara.

 

Na última década, por exemplo, a Triumph adentrou diversos novos segmentos: lançou a bem sucedida superesportiva média Daytona 675 em 2006, que logo em seguida deu origem à naked Street Triple também de 675 cc. Acessível e versátil, a Street Triple era até ano passado o modelo de maior sucesso. Até o lançamento da Tiger 800, em 2010, que já ocupa o posto de modelo Triumph mais vendido no mundo.

 

Orgulhoso de contar com 240 funcionários no seu departamento de design, Simon Warburton, gerente de produtos da Triumph, há 17 anos na empresa, diz que sua equipe busca explorar as plataformas. Caso da Daytona e Speed Triple, e com o recente lançamento da Explorer XC, uma versão mais aventureira da bigtrail Explorer de 1200 cc. “A grande variedade de motocicletas no line-up diminui os riscos da empresa. Acabamos com aquela história de colocar todos os ovos na mesma cesta”, explica ele.

 

Futuro

 

Além do investimento em novos modelos e em lojas conceitos para melhor atender ao cliente, a Triumph coloca a expansão para novos mercados como fundamental para continuar crescendo. “Acreditamos que o Brasil tem potencial para alcançar os principais mercados europeus em vendas”, revela Paul Stroud.

 

Para isso, a empresa tem uma linha de montagem em Manaus (AM), que já produziu alguns modelos para teste, entre eles a Tiger 800. Em visita à fábrica 2 em Hinckley, Inglaterra, já era possível ver diversas caixas com a bigtrail de 800 cc desmontada e com destino ao Brasil. Apuramos que o segundo modelo a ser montado por aqui será a esportiva Daytona 675. Além disso, a empresa terá concessionárias em grandes cidades do País, como São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto e Porto Alegre e ainda um armazém de distribuição de peças.

 

Sem dar mais detalhes sobre a operação brasileira, que deve ser oficializada em meados de outubro, o atual CEO da Triumph, Nick Bloor, afirma que “já começaram a estocar peças”, principalmente para atender aos antigos clientes da marca que estão há dois anos sem atendimento – desde o imbróglio que envolveu a Harley-Davidson e o Grupo Izzo, que também revendia as motos Triumph, os consumidores da marca inglesa estão “desamparados”.

 

Com o típico bom modo inglês, Bloor evita dar detalhes de como se deu essa transição do antigo importador para a subsidiária Triumph Motorcycles Brazil. “Foi uma entrada natural. O mercado cresceu e resolvemos investir mais”, afirma.

 

Sobre os modelos que vem ao Brasil, o CEO faz segredo. Porém, o gerente de produtos Warburton havia dado pistas de que o line-up inicial não deve ser muito grande: “para o início de operação e para estruturarmos toda a empresa não devemos começar com mais de seis, sete modelos”.

 

Sabendo que entre eles estão as duas bigtrails, a Tiger 800 e a Explorer 1200, pode-se apostar na esportiva Daytona 675, e as nakeds Street Triple e Speed Triple 1050. “Ainda não posso revelar quais modelos serão montados em Manaus, mas digo que uma fábrica precisa de volume. Certamente vamos produzir motos nos segmentos onde há mais volume”, dá pistas, o CEO, Nick Bloor.

 

* O jornalista viajou à convite da Triumph Motorcycles Brazil

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