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Com a chegada de novos fabricantes de veículos no Brasil, altos custos de fretes e de impostos de importação, além da valorização do dólar, o conglomerado nipônico decidiu investir com capital próprio cerca de R$ 750 milhões na planta, deixando de ser apenas vendedor para tornar-se também produtor brasileiro.
A princípio, são feitos no Paraná somente pneus para carros de passeio, SUVs e vans, dois modelos da própria Dunlop (SP Touring e Le Mans 704, com aros de 13 e 14 polegadas) e outro da marca Falken - também do grupo, mas de alta performance. Saem atualmente da linha de produção, com 540 funcionários em três turnos de trabalho, em torno de 1,5 mil deles por dia. Até o fim do ano, serão 2 mil diariamente. Em 2014, 8 mil. E em 2015, com 1,5 mil trabalhadores, 15 mil pneus.
Vendas
Todos serão vendidos, em uma primeira fase, apenas no mercado de reposição, que gira em torno de 30 milhões de pneus por ano, e no qual o grupo pretende conquistar 10% de participação antes de 2020. Já está sendo negociado o fornecimento para montadoras - que consomem mais de 20 milhões de pneumáticos por ano no Brasil – com conversa avançada com quatro delas. Mas isso só acontecerá depois de 2015, após atingir o ápice de produção.
Segundo Renato Baroli, gerente comercial e de marketing da Dunlop, até 2011, apenas importando, a marca tinha 2% de participação no segmento de leves no aftermarket brasileiro. Hoje, com o anúncio da fábrica, já detém 6% de market share com leves e 4% com veículos comerciais. O executivo prevê que a Dunlop encerre 2013 com 1,6 milhão de pneus vendidos para ambos os segmentos.
“O Brasil é o quarto maior mercado de veículos do mundo. As previsões apontam para um crescimento de 4% ao ano nas vendas internas de automóveis. Serão cerca de 5 milhões de carros de passeio rodando no País em 2020. O mercado de pneus para leves deverá aumentar 5% ano a ano, chegando a uma demanda de 70 milhões de pneus em 2020. Tudo isso fez o grupo Sumitomo ver que vale a pena investir no Brasil e competir com (a líder) Pirelli, Bridgestone, Continental, Goodyear, Michelin e também com os importados”, afirmou Baroli, durante o evento de inauguração.
A Dunlop, de acordo com o gerente, tem 14 distribuidores exclusivos espalhados pelo Brasil. Até o fim do ano, a rede deverá chegar a 50 lojas padronizadas com a identificação da marca. Em 2015, o grupo espera contar com 150 pontos de vendas de pneus de passeio e 20 “truck centers” no País.
Outros segmentos
Para o futuro, os planos incluem a produção de pneus Dunlop para caminhões, atualmente importados. “Nós temos grande interesse em fabricar para este segmento, que corresponde a 20% das vendas totais de pneus no Brasil. Em 2020, deverão circular 200 mil veículos comerciais por aqui, quando a demanda por pneus para este mercado já ultrapassará 12 milhões de unidades”, revelou Baroli.
O gerente diz que a própria planta paranaense poderá ser aproveitada para a fabricação diária de pneus de caminhões. “Não seria necessária a construção de novo prédio. Em uma área de 18 mil metros quadrados, conseguimos fazer 15 mil pneumáticos a mais”, explicou.
Está descartada, por enquanto, a produção de pneus para motos. “Não compensaria fazer um alto investimento. A Pirelli e a Levorin já lideram o fornecimento para motocicletas de até 150 cilindradas. Nossa estratégia será importar futuramente, ainda sem data definida, pneus radiais para motos que tenham entre 150 e 600 cilindradas. Mas eles não serão produzidos no Brasil.”
A Dunlop está confiante de que seus pneus para veículos leves conquistarão os consumidores, tanto pela qualidade do produto, quanto da fábrica onde são feitos. Baroli diz que um grande diferencial da planta é a presença do sistema “Tayo”, adotado em 100% da linha de produção e que já havia sido implementado em unidades do grupo no Japão e na Tailândia. Ele permite, com oito etapas produtivas (duas a menos do que usam as demais marcas), fazer pneus radiais com carcaça sem emenda. Como resultado, segundo o executivo, os pneumáticos saem mais uniformes, leves e proporcionam direção mais estável.
“Há a necessidade de suprir uma demanda por pneus de melhor desempenho nas fábricas brasileiras de carros, tendo em vista o compromisso das montadoras de desenvolver veículos mais eficientes por causa do novo regime automotivo, o Inovar-Auto. Nosso produto fará diferença nesse sentido”, aposta Baroli.
Cerca de 80% da matéria-prima do pneu Dunlop são compradas no Brasil. Valnei Andretta, gerente de compras da marca, diz que o indíce não é maior porque o País só consegue produzir 30% da demanda nacional de borrachas. Pouco mais de 1% vem da Amazônia e os 29% restantes, principalmente do interior de São Paulo e de Minas Gerais. O executivo revelou que a Dunlop e o governo do Paraná, com a ajuda de pequenos produtores rurais, iniciaram o cultivo de seringueira no norte do Estado para a produção local de borracha.
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