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Electra Glide Ultra Limited é grã-turismo luxuosa e com estilo

23/08/2013 - 10:10 - Arthur Caldeira / Agência INFOMOTO - FOTOS: Mario Villaescusa/ Agência INFOMOTO
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Goste você ou não da Harley-Davidson, há de convir que as motos de Milwaukee são mais que um ícone norte-americano. Fazem parte da história do motociclismo. Pode não ser seu estilo preferido de motocicleta nem a que você quer ter na garagem, mas não se pode ignorar uma marca que, agora em 2013, completa 110 anos – de grandes motocicletas como bradam os executivos da Harley e seus milhões de fãs ao redor do mundo.

Nessa mais que centenária história, a Electra Glide Ultra Limited é um modelo emblemático da filosofia e também da tecnologia da marca norte-americana. Sim, tecnologia. Afinal, é uma injustiça dizer que as motos Harley não evoluíram, e a Ultra Limited é um bom exemplo disso. Além de figurar em qualquer lista das motos touring mais luxuosas e confortáveis para viajar, o modelo traz motor com injeção eletrônica, sistema que “desliga” um dos cilindros para evitar o calor excessivo em marcha lenta, freios Brembo com sistema ABS e suspensões traseiras ajustáveis a ar. Também vem equipada com manoplas aquecidas, som Harman-Kardon, cruise-control, enfim, acessórios encontrados em qualquer outra moto chamada de moderna. Exceto pelo atemporal design da marca norte-americana, marcado pela carenagem estilo “asa de morcego”, muitos cromados e o inconfundível ronco do motor V2.

103 polegadas de torque

No caso da Ultra Limited, o V2 é o Twim Cam 103, uma referência a sua capacidade cúbica em polegadas, como gostam os americanos. Na verdade são exatos 1.690 cm³ de capacidade com torque à vontade desde os mais baixos giros: a 120 km/h o conta-giros no grande painel, que mais parece o cockpit de um monomotor, marcava pouco mais de 2.500 giros. Ainda sobrava fôlego para ultrapassagens mesmo na última marcha overdrive do câmbio de seis velocidades.

Aliás, vale ressaltar que, com os 13,8 kgf.m de torque (a rotação não é informada pela Harley), a Ultra Limited é praticamente uma moto automática. Uma vez na estrada, engatei a sexta e não senti a necessidade de reduzir. A embreagem não é lá das mais macias, mas os engates no câmbio são precisos e suaves – exceto pela primeira marcha que emite um sonoro “clank” ao ser engatada.

Não se deixe enganar pela arquitetura tradicional de dois cilindros em “V” – usada pela H-D desde 1909. Apesar de poucas mudanças visuais, o Twin Cam, lançado em 1999 com 88 polegadas cúbicas, cresceu de tamanho e evoluiu bastante desde então. “De lá para cá, apesar de manter a mesma base e ser esteticamente semelhante, a Harley fez diversas melhorias internas no motor que aprimoraram a durabilidade e o desempenho e diminuíram os ruídos”, revela Marcelo Peixoto, mecânico e preparador da Oficina Motors Company e que trabalha com motores da marca americana desde a década de 1990. Com a propriedade de quem começou a carreira restaurando uma Harley 1931, afirma que é uma injustiça dizer que a H-D usa os mesmos motores de antigamente. “Hoje em dia são bem mais confiáveis. O que limita seu desempenho ainda são as emissões de poluentes”, conclui.

Pode-se até criticar o baixo desempenho do V2 de 1700cc se comparado a outros de mesma capacidade cúbica, afinal a Ultra Limited acelera bem até os 160 km/h, mas a partir daí lá pelas 5.000 rotações perde fôlego. Mas dentro da proposta touring tem torque à vontade, apesar da potência limitada.

Convite à estrada

Só de olhar a Electra Glide Ultra Limited já dá vontade de ir pra estrada. Ao montar nela, o generoso banco com bom apoio pra lombar e a posição ereta de pilotagem dão a certeza que se pode rodar por muitos quilômetros sem se cansar.

Seu grande porte intimida de início: são mais de 2,5 metros de comprimento e 413 kg em ordem de marcha que dificultam manobrar a moto, mas a baixa altura do banco (74,5 cm) facilita o trabalho. A intimidação inicial logo deu lugar à surpresa. É apenas manobrando a moto, que a Ultra Limited exige cuidados. Senti falta de uma marcha ré, como na Honda Gold Wing. Os funcionários da Harley que me entregaram a moto fizeram questão de lembrar que há ré, mas só como acessório.

Logo nos primeiros quilômetros, já me senti mais à vontade e percebi que, levando-se em consideração seu tamanho, essa touring é bastante equilibrada. Claro, não é o que se pode chamar de uma moto ágil, mas é mais fácil de pilotar do que aparenta ser, desde que se tenha alguma experiência.

O quadro e as suspensões da família touring parecem ser superiores do que em outros modelos da marca. Inspiram confiança, seja em altas velocidades na rodovia ou em mudanças de direção mais rápidas em avenidas. Mal se nota que há mais de 400 kg de aço e ferro embaixo de você: mais piloto e garupa o peso total facilmente supera a meia tonelada, mas não atrapalha.

As suspensões – garfo telescópico de 41,3 mm de diâmetro na dianteira e bichoque com ajuste pneumático na traseira – são obviamente voltadas para o conforto. Em função disso, a Ultra Limited absorve bem algumas ondulações no piso, mas sofre em buracos. A roda de 17 polegadas na frente, que atrapalha as manobras, ajuda a isolar o piloto. No geral, o funcionamento do conjunto ciclístico é condizente com outras motos da mesma categoria: privilegia o conforto à esportividade.

Os freios Brembo – dois discos de 300 mm na dianteira e um na traseira com pinças de quatro pistões fixos – trazem sistema ABS, menos intrusivo no caso dessa Ultra do que em outros modelos H-D, como a Road King, por exemplo. Eles fazem um bom trabalho para parar os mais de 500 kg, mas não espere aquela resposta instantânea de outros conjuntos de freios mais modernos. As frenagens são progressivas, mas é fundamental usar o freio traseiro para parar com mais eficiência. O que era esperado, afinal, nas motos custom o peso é mais concentrado no eixo de trás.

Itens de conforto

Já mais acostumado com a Ultra, na estrada era só curtição. Se pilotar uma dessas, faça o teste: dê uma esticada em sexta marcha e ouça a nota grave que sairá da dupla de escapamentos, talvez seja isso que (também) encante tantos motociclistas no mundo todo.

Após mais de uma centena de quilômetros rodados, era hora de uma parada para o café para me despertar. Porque, se dependesse da garupa, rodaria outros 100, 200 km, ou 370 km, a autonomia indicada no hodômetro digital com o tanque de 22,7 litros cheio. Com bom apoio para as costas e espaço de sobra, o assento da garupa na Ultra é a solução para convencer sua esposa, namorada, enfim, a viajar de moto com você. O encosto oferece segurança para aquelas que têm medo de cair para trás e o espaço, conforto para ela não se cansar.

Também não deverá haver reclamações por que ela não pôde levar as roupas que queria. Afinal, são 128 litros de capacidade de carga nas duas malas laterais mais o top case – dependendo da mulher pode ser pouco, já aviso.

Então é só escolher uma boa trilha sonora – na Ultra o som aceita CDs com arquivos MP3, mas não tem Bluetooth e nem entradas USB – e rodar. O controle automático de volume, que aumenta conforme se acelera, funciona bem. Mas em alguns casos a música pode não ser perfeitamente audível, principalmente se houver muito vento lateral. Mas ponto positivo para os comandos do som no punho direito, intuitivos e fáceis de operar sem desviar a atenção da estrada.

Como o dia estava frio, usei os aquecedores de manoplas (meio que escondido na ponta da manopla esquerda), mas não há aquecedor de banco – presente em outras concorrentes, caso da BMW K 1600 GTL, e também na mais luxuosa Ultra Classic Electra Glide CVO.

Viajar com estilo

Ao longo de mais de 300 km com a Ultra Limited, comprovei que a luxuosa touring da Harley-Davidson tem lugar garantido em qualquer lista de motos ótimas para pegar a estrada. No seu habitat, o modelo não fica devendo em nada na questão conforto para suas concorrentes mais diretas, caso da Honda Gold Wing GL 1800 e BMW K 1600 GTL. Ambas são mais potentes, rápidas e leves, mas não têm o estilo e nem a história da Harley-Davidson por trás. E custam mais, vale dizer.

Em sua versão com apenas um tom de cor, preto, no caso, a H-D Electra Glide Ultra Limited sai por R$ 70.900 – na edição limitada de 110 anos da unidade testada, o preço sobe para R$ 74.900,00. A Honda Gold Wing GL 1800, por exemplo, tem preço sugerido de R$ 92.000; e a BMW K 1600 GTL, R$ 108.500.

Ficha Técnica Harley-Davidson FLHTK Electra Glide Ultra Limited

Motor Twin Cam 103, com dois cilindros em “V” e refrigeração a ar
Capacidade 1.690 cm³
Câmbio Seis velocidades 
Potência máxima ND
Torque máximo 13,8 kgf.m
Suspensão dianteira Garfo telescópico com 117 mm de curso
Suspensão traseira Amortecimento bichoque com 76 mm
Freio dianteiro Disco duplo de 300 mm com pinça fixa de quatro pistões
Freio traseiro  Disco simples de 300 mm com pinça de fixa de quatro pistões
Pneu dianteiro  130/80 - 17
Pneu traseiro 180/65 - 16
Comprimento total 2.504 mm
Largura total 965 mm
Altura total 1.549 mm
Entre-eixos 1.613 mm 
Altura do assento (descarregada) 745 mm 
Altura mínima do solo 130 mm 
Peso (em ordem de marcha) 413 kg
Tanque de combustível 22,7 l
Preço a partir de R$ 70.900

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