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Também pudera. Neste ano, o Salão de Milão, ou EICMA 2014, como gostam de dizer os italianos, foi palco de mais de duas dezenas de novidades sobre duas rodas. Desde a pequena naked Kawasaki Z300, derivada da Ninja 300, até a impressionante Ducati Panigale 1299, o maior bicilíndrico já feito pela fábrica italiana. Houve ainda aventureiras, supermotards, motos de pista homologadas para a rua, a nova Yamaha R1, a incrível Ninja H2… Enfim, lançamentos para todos os gostos. Conheça os mais importantes, organizados por marca e em ordem alfabética.
APRILIA
Transbordando alegria com a conquista do título mundial de Superbike com o francês Sylvain Guintoli na última prova da temporada, a Aprilia, marca do Grupo Piaggio, aproveitou para mostrar uma versão ainda mais radical da vitoriosa esportiva: a RSV4 RR e ainda uma versão Factory, com a mesma pintura da moto de Guintoli. Sem mudanças visuais, mas com pequenos ajustes para melhorar sua ciclística, a superesportiva italiana ganhou modificações no motor de quatro cilindros em “V” para quebrar a barreira dos 200 cv. A eletrônica da versão RR foi refinada e ganhou uma plataforma multimídia que permite alterar diversos parâmetros da moto pelo smartphone e também registrar dados de um track-day, por exemplo. Uma versão limitada a 500 unidades, chamada de “Factory”, a RSV4 RF trará alguns itens em fibra de carbono e derivados da moto usada nas pistas de corrida.
Outra novidade da Casa de Noale foi a nova Tuono V4 1100 que, como o nome sugere trouxe um motor aumentado de 1.000 para 1.100 cc, ganhando assim mais torque e potência: agora são 175 cv. Para controlar essa nervosa naked, o já conhecido pacote eletrônico da Aprilia com controle de tração, wheeling, assistente de largada e freios ABS. O visual também foi modernizado e a Tuono ganhou também uma versão RR e a roupagem “Factory”.
BMW Motorrad
Como é de costume, a BMW guardou novidades para o EICMA, depois de ter mostrado três lançamentos no Intermot, o Salão de Colônia, Alemanha, realizado no início de outubro. A primeira delas foi a nova geração da naked F 800R, que ganhou motor mais potente – passou para 90 cv – e também teve seu visual renovado. Com um conjunto óptico único e futurista, a naked de entrada da fábrica alemã ganhou novas suspensões, banco mais baixo e teve sua ergonomia melhorada. Tudo para continuar sendo ótima para o dia-a-dia, de acordo com o diretor geral da BMW Motorrad, Stephan Schaller. Como também é montada no Brasil pelo processo CKD, tudo indica que a nova F 800R não deverá demorar muito para chegar ao País. Outra mudança bem-vinda foi a adoção do controle de tração (ASC) e do ajuste eletrônico de suspensão, oferecidos como opcionais na naked bicilíndrica.
Outra novidade foi a aguardada crossover S 1000 XR. “Um novo conceito que une características da S 1000RR e da R 1200 GS”, declarou Schaller. Misto de esportiva, já que usa o motor de quatro cilindros em linha, e aventureira, em função das suspensões de longo curso, a S 1000 XR oferece mais versatilidade. Confortável, mira no motociclista que quer uma moto com boa ergonomia para viajar, mas sem abrir mão do desempenho. O motor de quatro cilindros em linha de 999 cm³ é capaz de gerar 160 cv de potência máxima a 11.000 rpm, enquanto o torque é de 11,4 kgf.m a 9.250 giros. A eletrônica embarcada fica por conta dos freios ABS, controle de tração e dois modos de pilotagem. A moto pesa 228 kg em ordem de marcha.
DUCATI
Com a esportividade e o desempenho no DNA da marca, a Ducati aproveitou o fato de estar em “casa” para mostrar sua nova superesportiva: a 1299 Panigale. Equipada com uma nova versão do motor Superquadro (dois cilindros em “L”) de 1285 cm³, a Panigale agora oferece 205 cv de potência máxima. Tudo isso para empurrar apenas 166,5 kg a seco! O torque máximo é de 14,7 kgf.m.
Também houve mudanças no design: a dianteira está mais larga e a rabeta foi redesenhada com dois painéis separados nas laterais. A nova 1299 ainda ganhou um novo pacote eletrônico. Batizado de IMU (Inertial Measurment Unit) – Unidade de Medida Inercial – é responsável por integrar os sistemas da moto, que incluem freios ABS de atuação em curvas. O câmbio quickshift agora permite a redução de marchas sem utilizar o manete de embreagem. A versão S da 1299 Panigale traz tudo isso e ainda suspensões Öhlins ajustáveis eletronicamente.
Outra estrela da marca de Borgo Panigale foi a nova Multistrada 1200 que recebeu um novo design, ainda mais harmonioso, e o inédito motor Testastretta DVT com comando de válvulas variável. A alteração permite mais potência (160 cv) e torque de 14 kgf.m a 7.500 rpm. A aventureira italiana ainda terá, como antes, um bom pacote tecnológico, como os freios ABS, que também atuam nas curvas, controle de tração e os quatro modos de pilotagem que fazem da Multistrada uma moto muito versátil. A suspensão semi-ativa Skyhook foi aprimorada e vem de série na versão S. Para quem curte design e exclusividade, a Ducati ainda apresentou a Diavel Titanium, com materiais nobres e uma exclusiva pintura.
HONDA
Em Milão, a Honda flertou com os protótipos. Primeiro, mostrou uma moto cheia de lama, com a proposta de ser uma aventureira de verdade. De acordo com a declaração do representante da empresa, trata-se de uma moto que está sendo desenvolvida com base na experiência da marca nos ralis mundo afora. Será uma touring com excelente capacidade para o off-road, afirma a empresa. Inspirada na NXR 750, vencedora do Paris-Dakar, nos anos de 1980, o modelo deverá ser a futura bigtrail da Honda.
A marca também confirmou boatos que há algum tempo circulavam no mercado de duas rodas: fez uma versão homologada para rua da RC 213V, bicampeã mundial de MotoGP em 2013 e em 2014. Batizada de RC 213V-S, o modelo é ainda um protótipo, mas que parece estar pronto para ser produzido. Como demonstram os espelhos retrovisores na ponta dos semiguidões, o conjunto óptico, as luzes de direção e até mesmo um suporte de placa.
Embora não confirme as especificações técnicas da RC 213V-S, a marca japonesa afirma que ela foi baseada na moto de pista, o que significa que deverá ter motor de quatro cilindros em “V” com 1.000 cc de capacidade. O modelo foi pilotado pelo espanhol Marc Marquez, o bicampeão mundial de MotoGP, até o palco durante a coletiva de imprensa.
HUSQVARNA
A marca de origem sueca foi adquirida pelo Grupo Pierer, do CEO da KTM Stephan Pierer, e aproveitou o Salão de Milão deste ano para mostrar que está em forma. A começar pela 701 Supermoto, uma versão de rua do modelo de competição. Com apenas 145 kg de peso e 67 cv de potência no seu monocilíndrico alimentado por injeção eletrônica, a 701 dá indícios de que traz de volta o desempenho radical característicos da Husqvarna. Para controlar a boa relação peso/potência, a nova supermoto traz o moderno sistema de freios ABS da Bosch de última geração.
Outras duas atrações na aplaudida coletiva de imprensa, que marcou o retorno da Husqvarna ao mercado, foram dois protótipos: a 401 Svartpilen e a 401 Vitpilen. A Svartpilen (flecha negra em sueco) é uma scrambler com um design pra lá de ousado, dando pistas do que poderá ser o futuro da marca. A outra, a Vitpilen (flecha branca em sueco), remete a uma café racer, porém com ares modernos. Embora sejam protótipos, nota-se que ambas estão equipadas com motores de um cilindro e suspensões WP de alto desempenho.
KAWASAKI
O desempenho da nova geração das esportivas da fábrica de Akashi ainda é um mistério, mas os modelos H2R e H2 já entraram para a história tanto pela excentricidade das formas como pelo uso de um compressor (supercharger) para alimentar o motor de quatro cilindros em linha e 1.000 cc. A H2R, mostrada no Salão de Colônia em outubro, é a versão exclusiva para a pista que promete mais de 300 cv de potência – isso mesmo, trezentos cavalos.
Já a Ninja H2, apresentada aqui em Milão, será uma versão de rua. Com uma pintura “espelhada” e uma carenagem desenhada pela divisão aeronáutica da Kawasaki Heavy Industries (que também fabrica trens, navios e até foguetes), a nova H2 impressiona até parada. Com linhas angulosas e um único canhão de luz central, quase escondido entre as entradas de ar para o compressor, a H2 terá “só” 200 cv.
Ambas trazem um motor de quatro cilindros em linha, 998 cm³ com um compressor de taxa diferente em cada modelo, o que, segundo a Kawasaki, gera a diferença de potência entre eles. Visualmente as motos são semelhantes, mas a carenagem da H2R traz elementos em fibra de carbono e o escapamento da H2 é maior, por conta da homologação para rodar nas ruas. O quadro é em treliça e as suspensões são da KYB com a solução ar e óleo usada em motos off-road. Com freios de 330 mm para segurar os 238 kg em ordem de marcha desse “monstro” japonês. Haverá também muita ajuda eletrônica, como controle de tração, controle de largada, amortecedor de direção eletrônico e até mesmo um sistema para reduzir o freio motor para andar na pista. Há ainda quickshift (que permite subir marchas sem o uso da embreagem) e freios ABS. Os dois modelos H2 e H2R ainda não têm preço e nem data definida para chegar ao mercado.
Mais reais são as pequenas nakeds também mostradas pela marca. A Z300, derivada da Ninja 300, que é vendida no Brasil, e a Z250SL, uma naked que tem como base a pequena Ninja 250SL. Antes restritas ao mercado asiático, as motos debutam no Salão de Milão e trazem consigo design e componentes refinados.
Com estilo herdado das nakeds maiores, a Z300 tem conjunto óptico agressivo e motor de dois cilindros paralelos de 296 cm³. Dados de desempenho também não mudam: 39 cv a 11.000 rpm com torque máximo de 2,8 kgf.m aos 10.000 giros. Já a Z250SL tem design um pouco mais sóbrio. A moto é equipada com motor monocilíndrico de 249 cm³, refrigerado a líquido e capaz de gerar 28 cv de potência a 9.700 rpm e 2,3 kgf.m de torque a 8.200 giros. Tanto a Z300 como a Z250SL contam com versões equipadas com freios ABS.
KTM
Depois de apresentar a 1290 Super Adventure, com motor de 1.301 cm³, a KTM trouxe para Milão uma aventureira de entrada: a 1050 Adventure. Mais leve, menos potente e mais barata também, a 1050 tem motor de dois cilindros em “V” que oferece 95 cv. Sua proposta é ser mais ágil e fácil de pilotar que as irmãs maiores. O objetivo comercial do novo modelo é enfrentar as aventureiras de 800cc de outras marcas, como as renovadas Honda Crossrunner e Tiger 800, além da BMW F 800 GS com preço mais atrativo.
MOTO GUZZI
A Moto Guzzi, outra marca do Grupo Piaggio, foi buscar inspiração no passado – uma tendência atual no mercado de motos – para seus lançamentos em Milão. A Eldorado inspira-se em um modelo dos anos 1960, a Eldorado 850, famosa nos Estados Unidos. Mas sua base é a atual California com motor de dois cilindros em “V” e 1.400 cc. Os cromados e o pneu faixa branca reforçam os laços com os carrões norte-americanos.
Já a Audace segue pelo caminho oposto: trata-se de uma custom com estilo mais dark, na mesma linha de Harley-Davidson Iron 883 e Yamaha Bolt, porém com o motorzão de 1.400 cc. O farol redondo e pequeno é acompanhado de uma pintura escura e fosca quase sem cromados.
MV AGUSTA
A MV Agusta antecipou alguns lançamentos para antes do Salão de Milão, como a Brutale 800 e a Dragster 800, ambas em versões RR, mais radicais e recheadas de equipamento. Além disso, anunciou a compra de 25% da empresa pela Mercedes/AMG faltando poucos dias para o evento. Em seu elegante, mas discreto estande, ainda assim houve a estreia da Stradale 800, sem coletiva de imprensa ou maiores explicações. Basicamente uma versão touring da Rivale 800, a Stradale traz o mesmo motor tricilíndrico de 800 cc e o design marcante e belo. Para reforçar sua vocação touring, o modelo ganhou parabrisa de série e duas bolsas laterais semi-rígidas, que já trazem o sistema de iluminação traseira embutida.
Já a bela Turismo Veloce, “lançada” no evento do ano passado como uma pré-série, finalmente chegou em sua versão final no EICMA 2014. Não houve mudanças do modelo mostrando anteriormente, mas agora a Turismo Veloce vai, de fato, ser vendida, e chega em duas versões: a standard e a Lusso, com malas laterais rígidas. Ambas têm a mesma base mecânica das outras motos da família de três cilindros e 800 cc. A proposta é de uma touring com suspensões de longo curso para viajar com conforto e rapidez.
TRIUMPH
Focada em suas aventureiras, a Triumph renovou a família Tiger 800. A linha agora está dividida nas opções XR, XC, XRx e XCx. Esteticamente, as motos mudaram pouco. A diferença mais sensível fica por conta das novas entradas de ar laterais. Farol, escape e todo o restante do conjunto conservam as mesmas linhas da geração anterior.
Os modelos estão divididos em duas propostas diferentes – como já acontece hoje -, sendo a XR, a substituta da atual Tiger 800 strandard, mais voltada para trechos de asfalto, com roda de liga leve aro 19 na dianteira, e a XC, mais apta para encarar terrenos acidentados, com rodas raiadas e aro 21 na frente, além de suspensão ajustável. O propulsor também é essencialmente o mesmo – mas, de acordo com a Triumph, foi aprimorada para consumir menos e aumentar a autonomia do modelo. São três cilindros em linha de 800 cc, capazes de gerar 95 cv de potência agora um pouco mais cedo, em 9.250 rpm. Já o torque continua sendo de 8,05 kgf.m a 7.850 giros e controle de tração, freios ABS desligáveis e piloto automático são itens de série.
Já as Tiger 800 XRx e XCx adicionam três modos de pilotagem à eletrônica existente e já trazem de fábrica itens oferecidos como opcionais. Entre eles estão piscas desligáveis automaticamente, cavalete central, protetores de mão, para-brisa ajustável e protetor de motor.
YAMAHA
Em um grande e pomposo evento, realizado na segunda-feira, 3 de novembro, fora do Salão, a Yamaha mostrou à imprensa – e ao mundo todo por meio de um live-streaming – a nova geração da consagrada R1. Embora mantenha a mesma configuração do motor anterior – quatro cilindros em linha com virabrequim crossplane –, internamente ele é completamente novo: diâmetro, curso, taxa de compressão e traz até biela em titânio e pistões em alumínio para gerar agora 200 cv a 13.500 rpm – 18 cavalos a mais que o anterior.
A fábrica de Iwata ainda apostou em soluções de pista para reduzir o peso com subquadro e rodas em magnésio e tanque de alumínio: agora são 179 kg a seco e 199 kg em ordem de marcha. Isso significa que há mais de 1 cv para cada quilo!
Visualmente, a moto se assemelha muito a M1, pilotada por Valentino Rossi e Jorge Lorenzo na MotoGP, a Fórmula 1 das motos. As duas estrelas, aliás, subiram ao palco do evento, com as motos. Rossi declarou ter ajudado pessoalmente no desenvolvimento da nova R1. No lugar do conjunto óptico central fica a entrada de ar como na moto de pista. A iluminação é feita apenas por dois filetes em LED e dois canhões de luz nas laterais da carenagem, um design pra lá de ousado e que dividiu opiniões no Salão.
As novidades não param por aí. Há eletrônica de sobra: controle de tração, de derrapagem, sistema que evita empinadas e até freios ABS combinados. Para quem busca ainda mais radicalismo, há a versão “M”, com carenagens em fibra de carbono, suspensão eletrônica e pneu 200/55 na traseira, indicando que se trata de uma moto para quem quer acelerar em um autódromo. As duas versões devem chegar às concessionárias europeias em março do próximo ano e não têm preços definidos.
Outro lançamento no estande da Yamaha estava mais perto do mundo real: a MT-09 Tracer é uma versão touring da MT-09, a naked tricilíndrica que acabou de chegar ao Brasil e já é sucesso de vendas na Europa. A Tracer traz outro desenho na dianteira com semi-carenagem, parabrisa e um conjunto óptico de dois faróis. A posição de pilotagem ereta e o banco mais largo sugerem sua vocação para viagens. Assim como as malas laterais e a extensa linha de equipamentos que a marca apresentou em Milão, como bolsas laterais, cavalete central, entre outros. Estará nas lojas europeias em março por 9.590 Euros, cerca de 1.500 Euros mais cara que a MT-09.
*O jornalista viajou a convite do ICE – Agência para a Promoção e Internacionalização das Empresas Italianas
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