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O estacionamento que levava ao pavilhão principal do evento já era um show por si só. O caminho formado pelas motos custom dos visitantes aliado com o sol e o calor que fazia na capital paulista, ajudavam a criar a sensação de que você estava passando por uma ponte e iria terminar na Califórnia, diretamente no Born Free, um dos maiores eventos de customização e motos vintage do mundo.
Na área externa, oficinas de customização vindas de todo o Brasil expunham as suas criações, vendiam camisetas e algumas chegavam a oferecer peças como rodas e até quadros inteiros para bobbers e choppers. O bar, o churrasco e as mesas criavam uma atmosfera de camping reforçada pelos estandes, montados na forma de tendas que dividiam espaço com a pista de skate, onde os mais habilidosos faziam suas manobras no meio das motos.
Raridades
“Tem moto aqui que não sai pra nada”. É o que diz o fotógrafo Edu Mendes, um dos idealizadores do evento, ao se referir às 30 motos expostas dentro do ginásio. Os proprietários são amigos pessoais que concordaram em cedê-las por causa da proposta do evento, que segue os mesmos moldes dos encontros internacionais de motocicletas vintage e customização como o Born Free, na Califórnia e o Brooklin Invitational, em Nova Iorque.
Uma das estrelas da mostra era uma Harley-Davidson Shovelhead 1200cc de 1970, patrimônio da Polícia Militar, que também estava com suas motos de escolta expostas logo na entrada do evento. “Essa moto é patrimônio da Rocan, não sai do estacionamento. Estava um pouco caidinha e nós demos um tapa nela”, explica Mendes sobre a moto que ganhou tratamento de pintura especial, ainda que conservando os mesmos tons de vermelho e creme das outras Harleys da PM.
Do lado de fora, o show ficava por conta das motos customizadas pelas oficinas, como a Red Choppers, de Curitiba, que levou três modelos da família Sportster totalmente diferentes um do outro. Detalhe para uma 883R, pintada de branco com detalhes em dourado, que adotou o estilo café-racer, com semi-guidões mais baixos do que o normal e tanque de gasolina com pintura e corte esportivos.
Galera custom
Uma vez dentro do Two Wheels Brasil, o visitante era transportado para um universo paralelo onde as pessoas literalmente respiram o estilo de vida custom. Piercings, tatuagens e a maneira de se vestir refletem o envolvimento de expositores e visitantes com este mundo, algo que parece alternativo ao extremo para quem vê de fora, mas que aos poucos toma seu espaço na cultura brasileira.
“A cena custom já existe há algum tempo [no Brasil]”, afirma Caju, da oficina FF Motorcycles, devidamente acompanhado da sua cobra de estimação. Os pets, por sinal, também tinham entrada permitida no Two Wheels Brazil e não era raro ver desde Yorkshires até Pit Bulls acompanhando seus donos devidamente trajados com bandanas da Harley-Davidson ou outros adereços alusivos ao mundo das motocicletas.
Outro ponto importante do evento era a presença de famílias inteiras, que mais uma vez lembravam os campings dos EUA. Entretanto, ao contrário dos norte-americanos cada um desembolsou R$ 65 pelo ingresso. “Nossa ideia era fazer um evento gratuito, mas toda essa estrutura acaba custando uma grana. A gente espera que um dia consiga fazer de graça”, comenta Edu Mendes.
No quesito organização, nenhuma falha grave. Exceto pela presença de apenas um caixa, para aquisição dos tíquetes que davam acesso ás comidas e bebidas. O resultado era uma fila que parecia interminável e se estendia por toda a área externa do local, o que poderia ser desconfortável, principalmente para as famílias com crianças muito pequenas.
A polêmica dos motoclubes
Durante a semana que antecedeu o Two Wheels Brazil, uma polêmica tomou força na internet. Não seria permitida a entrada de motociclistas uniformizados com jaquetas de motoclubes, o que causou uma mobilização entre os membros que incentivavam um boicote ao evento. “Foi um equívoco nosso”, desculpou-se o organizador Edu Mendes.
Segundo ele, a justificativa para a proibição seria seguir mais uma vez o padrão “no colors” dos eventos estrangeiros, nos quais os membros de motoclubes não podem usar jaquetas que os diferencie dos demais quando entram no local. Para eles, questão de segurança, afinal os motoclubes ainda são vistos por lá, infelizmente, sob uma óptica de marginalidade.
Diferenças culturais consideradas, a organização do evento voltou atrás na decisão e foi publicada nota oficial no blog permitindo e convidando os membros de motoclubes a comparecerem ao local devidamente trajados com suas jaquetas. Mas a decisão parece ter sido tomada tarde demais, uma vez que pouquíssimos motociclistas “mostraram suas cores” por lá.
Evento equilibrado
Mesmo com a situação dos motoclubes e o cancelamento do pocket show de Gilby Clarke, ex-guitarrista do Guns’ N’ Roses, que estava previsto para acontecer no evento, os mil ingressos colocados à venda esgotaram e não houve tumultos ou outros problemas mais sérios. Fato que por si só já garante a realização de uma segunda edição do Two Wheels Brazil no próximo ano, colocando nosso país definitivamente no mapa da cultura custom e de tudo que ela representa para seus adeptos.
Saiba mais sobre a cultura custom
Para explicar o que é cultura custom, precisamos voltar no tempo para quando começaram as alterações em motocicletas. Mas é difícil precisar uma data. Acredita-se que teve início entre os anos de 1940 e 1950, no Pós Segunda Guerra. O intuito era o mesmo de hoje. Criar modelos exclusivos que refletissem traços da personalidade do proprietário com a inclusão de alguns elementos estéticos.
Mais tarde, chegaram as primeiras modificações funcionais, cujo melhor exemplo são as café-racers, motos modificadas por corredores de rua para adquirir traços mais esportivos, como a substituição dos guidões altos e curvados para semi-guidões curtos e retos para alterar a postura de pilotagem e melhorar a aerodinâmica em alta velocidade.
De lá pra cá, com o surgimento de diversos movimentos culturais como o punk e etc, alguns elementos como os piercings, o grafitti e as tatuagens acabaram se mesclando ao universo da customização, criando uma forma diferente de manifestação da arte. Hoje, a cultura Custom é isso: o uso de recursos artísticos para transformar um objeto em uma peça única e exclusiva. Seja ele feito com referências old school – estilo artesanal como se fazia antigamente - ou contemporâneo, com o uso de materiais de tecnologia atual e processos criados há pouco tempo.
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