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Ford importará da Índia seu 1º motor 1.5 3C

08/05/2017 - 09:36 - Automotive Business - Fotos: Divulgação Ford
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A Ford confirmou que seu novo motor para mercados subdesenvolvidos, o primeiro 1.5 três-cilindros do mundo, fará sua estreia global no Brasil em versão bicombustível flex. Ainda sem confirmação oficial, sabe-se que será a bordo de uma das versões do novo EcoSport, previsto para chegar às concessionárias no começo do segundo semestre. Inicialmente, contudo, o 1.5 3C TiVCT virá importado da Índia, onde foi centralizado seu desenvolvimento, que contou com a participação de várias equipes de engenharia da Ford, incluindo a brasileira – neste caso especialmente no projeto do flex. Segundo informações obtidas por Automotive Business, somente no início de 2018 o propulsor entra em produção nacional, na fábrica de Taubaté (SP). 

“O time que liderou o desenvolvimento é o da Índia, onde o motor será produzido primeiro, mas houve participação ativa de muitos lugares do mundo”, confirmou Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford América do Sul. “Mas ele será feito em diversos países e no Brasil também, estamos fazendo um grande investimento para isso. Além de desenvolver o produto, é necessário desenvolver a capacidade de manufatura. No caso deste motor a fabricação exige alta precisão, pois suas engrenagens têm limites de tolerância muito estreitos, parecidos com um relógio”, destaca o executivo. 

O motor que faz sua estreia global no Brasil nos próximos meses foi apresentado em evento na sexta-feira, 5. Segundo a Ford, ele agrega um conjunto de tecnologias que o torna o 1.5 aspirado mais potente e de maior torque do mercado, com 137,2 cavalos e 158,5 Nm quando abastecido com etanol, tem a maior potência por litro (91,5 cv) já conhecida, mas também é um dos mais eficientes, com ganho de 5% no consumo na comparação com o 1.5 Sigma de quatro cilindros produzido em Taubaté, que atualmente equipa o Ka nacional. 

Versão Ecoboost só para quem pode

O 1.5 3C TiVCT deve ganhar em breve a terminologia EcoBoost, com a adição de injeção direta de combustível e turbocompressor, que deverá fazer saltar sua potência, desempenho e eficiência. E por que não no Brasil? “O motor já está preparado para ser um novo EcoBoost, mas é uma característica da Ford só introduzir tecnologias que possam ser absorvidas pela maioria dos consumidores de cada mercado. No caso deste motor, conseguimos atingir os objetivos de redução de emissões e aumento de eficiência energética para o mercado brasileiro sem necessidade de usar turbo ou injeção direta, que deixariam o produto mais caro”, explica Enio Gomes, diretor de powertrain da Ford América do Sul. 

Basicamente, isso quer dizer que o 1.5 3C ViVCT aspirado com injeção indireta será introduzido em mercados mais pobres e subdesenvolvidos como Brasil, Rússia e Índia, enquanto sua versão turbinada deverá equipar em maior escala modelos Ford principalmente em países europeus e na América do Norte. Mas eventualmente poderão ser importadas algumas unidades do 1.5 EcoBoost para versões de nicho, como a Ford já faz com o Fiesta 1.0 EcoBoost lançado ano passado no Brasil. 

A Ford garante que, mesmo depois de começar a fabricar o 1.5 3C em Taubaté, continuará a fazer lá e oferecer em seus carros nacionais os dois motores da linha Sigma 1.5 e 1.6. É difícil de acreditar nisso tendo em vista que o novo motor bate em ambos em tecnologia, consumo e potência, com a adoção de tecnologias mais sofisticadas. Parece mais racional que o novo EcoSport será vendido em versões 1.5 3C e com o motor 2.0 Duratec importado do México, já oferecido atualmente. 

Tecnologias

O novo três-cilindros combina uma série de tecnologias que reduzem atrito e aumentam sua eficiência energética sem perda de performance – muito pelo contrário, houve redução de consumo com ganho de 4,5% na potência na comparação com um motor maior, o 1.6 Sigma de quatro cilindros, também fabricado pela Ford em Taubaté. O simples fato de ter apenas três cilindros já torna o motor menor, mais leve e com menos peças que geram atrito entre si e consomem energia com isso. 

“Antes, ganhar em economia significava sacrificar o desempenho. Isso não acontece mais com as soluções que usamos no 1.5 TiVCT, que é o primeiro motor aspirado a combinar algumas tecnologias juntas para ser econômico sem ser fraco”, diz Volker Heumann, engenheiro-chefe de powertrain da Ford América do Sul. 

Heumann destaca que o torque do 1.5 3C já é 12% maior do que o 1.6 Sigma a 1.500 rpm, quando 85% da força já está disponível no três-cilindros, porcentual que chega a 95% a 3.500 rpm, rotação que corresponde a 95% da rotina de uso do motor. “Por isso ele é econômico e preserva o prazer de dirigir”, diz. 

A tendência de desenvolvimento de motores pequenos com boa potência começou a ser usada pela Ford no Brasil desde o lançamento, em 1999, da linha Rocam 1.0 e 1.6, que evoluiu para os motores Sigma de alumínio a partir de 2009 e, depois, para o primeiro três-cilindros da marca, o 1.0 3C TiVCT com bloco de ferro, fabricado em Camaçari e lançado a bordo do Ka em 2014 como o motor 1-litro mais potente do mercado (85,3 cv). 

Os engenheiros da Ford destacam que o 1.5 tricilíndrico desenvolvido agora, embora use soluções já adotadas por seus antecessores, é completamente novo, com novas peças. Uma das tecnologias compartilhadas entre o 1.0 3C e o novo 1.5 3C está na sigla TiVCT que ambos usam, que em inglês quer dizer duplo comando variável de válvulas, que ajusta o tempo de abertura para entrada da mistura ar/combustível nos cilindros e de saída dos gases de escape de acordo com as exigências de desempenho, para melhorar a eficiência da combustão e reduzir consumo. 

Outra tecnologia compartilhada – e uma das 275 patentes do novo motor – é a correia de sincronismo banhada em óleo, que eleva a durabilidade do componente para 275 mil quilômetros, diminui o atrito e reduz ruído. Assim como o 1.0 3C, o 1.5 tricilíndrico tem o coletor de escape integrado ao cabeçote de alumínio, o que deixa o motor menor e garante aquecimento mais rápido, aumentando a eficiência e vida útil do catalisador, além melhorar a eficiência da queima de combustível. 

As diferenças começam com o bloco de alumínio, mais leve que o ferro-grafite usado no 1.0 3C. Entre outras tecnologias que reduzem consumo e garantem bom desempenho com níveis baixos de ruído e vibração, o 1.5 3C usa bomba de óleo variável de duplo estágio (que já garante economia de 0,5% em relação à bomba convencional), bobinas individuais de ignição com múltiplo centelhamento, mancal hidrodinâmico que em combinação com o virabrequim levemente deslocado do centro balanceia o desequilíbrio natural do número ímpar de cilindros, além de sistema de partida a frio com pré-aquecimento dos injetores (dispensa o tanquinho de gasolina).

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