Gol Rallye vem pronto para enfrentar as aventuras urbanas

Os modelos off road light são uma febre em todas as montadoras. Carros com cara de lameiros, mas que não aguentam nenhum atoleiro mais forte. No final do ano passado, a Volkswagen apresentou a nova versão do Gol Rallye. Este mês, a montadora nos enviou um modelo para uma avaliação completa de 7 dias.

Muitos criticaram a montadora por não apresentar uma versão mais apimentada do carro, ao invés de uma que brigará diretamente com o CrossFox. Assim, esta nova edição do Gol Rallye (a versão surgiu pela primeira vez na geração 3 do Gol, sendo remodelada na geração 4) chega às lojas com receita similar à adotada pela picape compacta Saveiro Cross, que por sua vez se inspirou no renovado CrossFox, e preços iniciais de R$ 40.370 (com câmbio manual) ou R$ 43.030 (I-Motion, com câmbio automatizado). A versão avaliada tem câmbio mecânico de 5 marchas e, de acordo com o site da montadora, sai por R$ 46.640 com todo os opcionais oferecidos.

Primeira impressão

Ao chegar na concessionária para pegar o “aventureiro” logo ele chama a atenção pelo seu visual invocado. O Gol Rallye desfila com para-choques diferenciados (o frontal, todo em plástico preto, tem abertura invertida e mais larga em relação ao da peça original), moldura para rodas, adesivos exclusivos, spoilers pretos, faróis e lanternas com máscara negra e faróis de neblina que acumulam a função de luz de longo alcance. Rodas e pneus de 15 polegadas e perfil mais alto (205/55 contra o habitual 170/55 aro 14) e suspensão retrabalhada (com molas, amortecedores, barra estabilizadora e eixo traseiro mais rígidos) aumentam a distância para o solo em 28 mm, em relação a um Gol "civil" (no total, o vão livre chega a quase 15 cm). Há ainda cores diferenciadas para o hatch, como o amarelo Solaris, que tentam dar mais ânimo ao modelo em seus dois anos de vida.

A oferta de equipamentos, no entanto, é similar à de qualquer Gol, incluindo a vasta lista de opcionais. De fábrica, o Gol Rallye traz interior escuro com detalhes cromados e brilhantes, direção hidráulica, trio elétrico e porta-malas com abertura elétrica, entre outros. Ar-condicionado, airbags, freios com ABS, volante multifuncional (com aletas de troca de marcha para o I-Motion), computador de bordo I-System e sistema de som multifunção são comprados a parte e equipam o modelo testado.

A fábrica fala em quatro rivais para o Gol Rallye, embora não nomeie nenhum. Um detalhe, sintomaticamente, dá pista de qual é o principal adversário (embora a dica nem fosse necessária): os bancos com decoração em alto-relevo (embossed) trazem o nome Rallye estampado sublinhados por uma série de pequenos quadrados de cantos arrendondados... impossível não lembrar imediatamente dos motivos "round-square" (o literal quadrado redondo) do Fiat Novo Uno, que tem sua versão aventureira Way, e vem mordendo o calcanhar do Novo Gol há algum tempo.

Ao volante

Durante os 7 dias de teste, o carro se mostrou pronto para as péssimas ruas de nossas cidades. Nossa capital, Campo Grande, recebeu a promessa de que ganhará uma revitalização do asfalto das principais avenidas. Enquanto isso não acontece, um carro com a suspensão mais elevada é bem-vindo. Parece que o carro foi feito para pegar buracos, valetas e os monstruosos quebra-molas de nossas ruas. O ajuste do banco do motorista manual, juntamente com o ajuste da direção em altura e profundidade, ajudam a se “encaixar” bem para dirigir.

Mesmo com a cara de lameiro (de leve), o lugar mesmo do Rallye é a cidade. Por onde ele passa chama a atenção, mesmo já tendo sido lançada há algum tempo. Com um interior escuro e a iluminação do painel em vermelho, ele fica muito bem desfilando pelas avenidas durante a noite. Ainda mais na cor branca, que avaliamos.

Com o pé no acelerador, o desempenho do motor VHT de 1,6 litro é o mesmo de sempre, Os números, aliás, seguem o padrão: aceleração de 0 a 100 km/h em 11/10 segundos com gasolina e álcool, respectivamente, velocidade máxima de 180 km/h e consumo médio estimado de 14,16 na gasolina e9,71 km/l no etanol, isso em percurso misto de cidade e estrada. Em nossa avaliação pelas cidades, abastecido sempre com gasolina o carro chegou a marcar 12 km/l, mas com média de 10 km/l.

Os freios dianteiros assistidos com o sistema ABS são extremamente necessários e ajudaram muito quando pegamos um leve trecho de estrada de chão. Nas curvas, os pneus que calçam as rodas de 15 polegadas deixaram o carro na mão. Mas a suspensão elevada deixou o carro um pouco solto em curvas mais fechadas.

Como andamos sempre com gasolina, tínhamos na mão 101 cavalos (no etanol ele entrega 104) a 5.250 rpm e um torque de 15,4 kgfm, a 2.500. Com o torque despejado totalmente em uma rotação baixa, o Gol não exige muitas mudanças de marchas, mesmo com o trânsito mais pesado. Na estrada, ele respondeu bem e não deixava o giro muito alto, mesmo com a velocidade de 100 km/h. Isso também se deve ao bom isolamento termo-acústico.

Ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas nas 4 portas e vários porta-objetos também ajudam a melhorar a convivência dentro do carro.

O Gol Rallye é uma boa opção para quem não quer mais ver seu carro raspando o assoalho nos quebra-molas das cidades e deseja pegar uma estrada de chão de vez em quando. Desde que não abuse muito de atoleiros, lama e buracos.

Ficha técnica Gol Rallye 1.6