Mais uma barreira em um setor com cada vez menos profissionais

Ser caminhoneiro nunca foi fácil. Anos atrás a profissão era tida como uma atividade aventureira, cortar as estradas do país, se tornando, inclusive, série de TV.  De 20 anos pra cá essa profissão vem sendo desvalorizada a cada dia que passa. Salários baixos, rotas absurdas e exaustivas, prazos impossíveis e o desrespeito pela profissão, têm desanimado aspirantes a caminhoneiros.

Além de todas as barreiras e da estigmatização da profissão, no mês passado foi assinada uma resolução do DENATRAN determinando que os motoristas profissionais façam exame toxicológico para obter a carteira e para renová-la. O primeiro impacto que a informação gera é positivo, pois traz a sensação de maior segurança nas estradas. Porém, a resolução somente terá efeito se houver fiscalização e ações direcionadas a atacar as causas e coibir a venda e drogas lícitas e ilícitas. O exame feito apenas na renovação pode identificar o uso nos últimos 90 dias. Isto não impede que eles retornem a pratica logo após o exame.

Existem tantas outras resoluções que devem ser criadas antes desta, mesmo por que esta só irá funcionar se um serviço contínuo de fiscalização existir. O treinamento e a preparação dos profissionais é fundamental já que os novos caminhões possuem sistemas de câmbio e freio de última geração e computador de bordo, entre outras novidades, uma modernização que exige caminhoneiros cada vez mais especializados.

É preciso criar um programa de incentivo, algo que incite jovens a terem essa profissão que antes era passada de pai pra filho. Atualmente o mercado tem um déficit de 120 mil profissionais qualificados. Portanto, paremos com resoluções pouco efetivas e foquemos em valorizar a profissão, angariar novos profissionais, incentivar que esses profissionais entrem para o mercado e, principalmente, continuem nele.

*Pós-graduado em engenharia de segurança pela UFRJ, Eduardo já participou da elaboração de normas técnicas relativas à proteção do meio ambiente pela ABNT, foi sócio diretor de uma empresa da área de logística. E atualmente ocupa a Gerencia de Pesquisas & Desenvolvimento da 3T Systems.