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Quando, em 2004, o paulistano Paulo Shuiti Takeuchi assumiu a presidência da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), o setor produzia pouco mais de um milhão de motos por ano. Ao longo de seus três mandatos bienais a frente da mais representativa entidade do setor – que reúne os grandes fabricantes como Honda e Yamaha, entre outros – o mercado chegou a produzir o dobro: em 2008 foram fabricadas 2.325.436 unidades. Não fosse pela crise financeira que explodiu em setembro de 2008 e dificultou o financiamento de motocicletas, esse número poderia até ser maior.
Mas em 2009, o mercado retraiu e produziu “apenas” 1.539.473 motocicletas. Porém para este ano a previsão é que o setor de duas rodas volte a crescer e atinja 1.850.000 unidades.
Depois de seis anos, Takeuchi, também diretor de Relações Institucionais da Moto Honda da Amazônia, deixa o cargo agora em maio, mas não sai da entidade: continua fazendo parte do conselho consultivo da Abraciclo. Para a presidência da Associação, os associados elegeram Jaime Teruo Matsui, da Yamaha, nessa quinta-feira, 29 de abril, para um mandato de dois anos (2010-2012).
Antes de deixar o cargo, Paulo Takeuchi, 53 anos, engenheiro mecânico de formação, fez um balanço da atuação da Abraciclo durante os últimos seis anos. Confira a entrevista feita por e-mail:
INFOMOTO - Quais foram os principais desafios que o senhor enfrentou como presidente da Abraciclo?
Como associação do setor, buscamos a consolidação de uma política industrial para o setor de motocicletas através do Processo Produtivo Básico – PPB e outras ações junto aos governos federal, estadual e municipal. Além disso, procuramos melhorar da imagem da motocicleta por meio de ações de segurança, participação na elaboração de uma legislação compatível com o produto, realização de campanhas educacionais e implantação do Moto Check-Up. Durante esse período outro de nossos objetivos foi criar uma harmonização com a entrada de novas indústrias e aumento no quadro de associados da Abraciclo, fazendo com que o setor tivesse maior representatividade. Mais recentemente, enfrentamos e administramos contratempos oriundos da crise financeira que atingiu o país, buscando acordos e alternativas que pudessem minimizar esses efeitos no setor como um todo.
INFOMOTO - Nesse período como presidente da entidade, quais foram as principais conquistas para o setor de duas rodas na sua visão?
Entre as principais conquistas estão a consolidação de uma política industrial através de um PPB mais efetivo. Pudemos participar na elaboração de nova regra de habilitação de motociclistas, e também na legislação específica sobre regulamentação da profissão de moto fretista. Implantamos o Promot 3 – terceira fase do Programa de controle de emissões de poluentes por motocicletas. Nossa atuação fez com que a Abraciclo fosse considerada referência, passando a participar de discussões sobre o setor, e também fosse reconhecida como elemento ativo nas questões de segurança.
INFOMOTO - Em que frente o senhor avalia que a Abraciclo precisa ser mais atuante daqui pra frente?
Na busca de maior competitividade do setor para fazer frente aos produtos importados e buscar mais competitividade nas questões de exportação de produtos brasileiros, além de dar continuidade aos trabalhos e ações visando a melhoria na segurança do trânsito.
INFOMOTO - Nos últimos anos, o setor de duas rodas tem crescido bastante (exceção feita ao ano passado). Esse crescimento exponencial que o setor experimentou nos últimos 10 anos trouxe novos desafios e preocupações para todo o mercado de motocicletas. Quais são eles?
Aprimorar a legislação no que diz respeito às motocicletas - tanto na parte de circulação como na parte técnica-, buscar alternativas para melhorar o nível de financiamento dos produtos, buscar uma conscientização maior dos usuários das motocicletas e dos motoristas para conseguir um trânsito mais harmônico entre todos os usuários das vias públicas e levar, a todos os níveis, as reais necessidades dos motociclistas e da indústria de motocicletas como um todo.
INFOMOTO - O senhor acredita que o Brasil pode chegar a comercializar 8 milhões de motos por ano em 2020, como preveem alguns economistas e estudiosos baseados no perfil sócio econômico do nosso país?
Acreditamos que o potencial do mercado brasileiro para 2020 deva ser da ordem de 4 milhões de motocicletas por ano.
INFOMOTO - Há ainda no Brasil, uma imagem ruim da motocicleta como um veículo perigoso – imagem até certo ponto merecida, em função do grande número de acidentes com motocicletas. O que a Abraciclo tem feito e planeja fazer para reduzir o número de acidentes com motos?
Conforme mencionamos anteriormente, desenvolvemos campanhas, ações e planos direcionados aos motociclistas e motoristas como um todo, visando o respeito mútuo entre todos os usuários das vias - sejam eles motorizados ou não. A entidade pretende continuar apoiando o governo na elaboração de normas e leis que direcionem os usuários de motocicletas para o caminho da segurança, dar continuidade às ações de conscientização como moto check-up, pilotagem segura, entre outros.
INFOMOTO - Qual conselho daria para o futuro presidente da Abraciclo, Jaime Teruo Matsui?
Dar continuidade aos trabalhos em andamento e estar atento a novas situações que possam surgir, buscando sempre o aprimoramento de tudo o que diz respeito ao setor de motocicletas.
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