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O primeiro carro a ser montado na unidade será o Classe C, no início de 2016. Alguns meses depois entra em produção o utilitário esportivo GLA, também equipado com propulsor bicombustível. “A construção da planta vai bem. Está tudo correndo dentro do cronograma”, conta o executivo. A unidade brasileira recebe investimento de cerca de R$ 500 milhões e terá capacidade para fazer até 20 mil veículos por ano.
A companhia já tinha admitido que estava trabalhando no desenvolvimento de motores flexíveis e, portanto, era esperado que a tecnologia chegasse nos carros nacionais da marca. Ainda assim, até então a montadora não tinha confirmado quando isso aconteceria. A principal concorrente da montadora, a BMW, também inaugurou a produção de sua fábrica brasileira, em Araquari (SC), com um carro flex, 320i Active Flex. O sedã, no entanto, já era vendido no mercado brasileiro com a tecnologia bicombustível há cerca de um ano, antes de ser nacionalizado.
Ao avaliar a projeção de que o Brasil enfrentará capacidade produtiva ociosa no médio prazo, já que muitas fábricas novas entrarão em operação antes que o mercado retome o ritmo de crescimento, Pisillakis lembrou que “não há oportunidade de negócio sem risco.” Ele aponta que, em 2011, ano recorde para a marca no mercado local, foram negociados 10 mil carros na rede com cerca de 29 concessionárias que a empresa tinha na época. “Hoje, com portfólio muito melhor e mais revendas, certamente poderemos subir o patamar quando iniciarmos a produção local.”
Mercado
Enquanto o mercado nacional mostrou sinais de fraqueza e encolheu este ano, a Mercedes-Benz colhe frutos de sua estratégia de negócios. Till Conrad, chefe da divisão de automóveis da companhia para mercados internacionais, explica que boa parte do sucesso é resultado da renovação global da gama, que agora é capaz de atrair consumidores mais jovens. Ele reconhece que, há alguns anos a marca era menos atrativa. “Acredito que muitas pessoas não entravam em nossas concessionárias por sentir até certo ar de arrogância”, admite.
O dirigente aponta que hoje a impressão dos consumidores é diferente. Uma prova dessa transformação é a redução da idade média do cliente Mercedes-Benz. No Brasil essa idade caiu de 53 anos na geração anterior de veículos, para cerca de 48 anos atualmente. “Isso reflete também uma renovação dentro da empresa, com chegada de profissionais mais jovens e mudanças nas equipes”, defende.
O volume de vendas no mercado nacional reflete a transformação da marca. Em 2013, de janeiro a setembro, a companhia vendeu 9,6 mil unidades e ficou em 16º lugar no ranking de marcas mais vendidas do Brasil. Houve crescimento de 6,2% no resultado nos mesmos nove meses de 2014, para 10,2 mil veículos, e a empresa subiu ainda para a 15ª posição entre as mais vendidas. A diferença de vendas com a BMW, líder do segmento premium, diminuiu e foi de apenas 4,9% no período, com 10,7 mil emplacamentos da concorrente. “Em outubro estamos na liderança nas vendas da categoria premium”, garante Psillakis.
Till acredita que, apesar da contração do mercado total, o Brasil tem registrado crescimento nos emplacamentos do segmento premium, situação que deve se repetir no próximo ano. Ainda assim, ele enfatiza que a intenção da Mercedes-Benz não é simplesmente ampliar os volumes, mas garantir rentabilidade. “Se há uma coisa que não fazemos é comprar market share”, determina, sobre as situações em que empresas sacrificam margens para garantir maior volume de vendas.
A evolução da companhia no Brasil tem ainda como pilar a expansão da rede de distribuição local. As atuais 43 casas devem saltar para 47 até o fim do ano e continuar crescendo em 2015. O principal foco da ampliação é a região Nordeste, com plano de abertura de revendas em Natal (RN), São Luís (MA), Recife (PE) e João Pessoa (PB). Outra base importante para impulsionar o crescimento é a oferta de condições especiais de financiamento pelo Banco Mercedes-Benz. A instituição já tem participação próxima de 25% no total de vendas da marca. Fatia semelhante a esta é adquirida por meio de financiamento de outros bancos e o restante é pago a vista.
Valor agregado
Conrad conta que há cerca de 20 anos a Mercedes-Benz debateu internamente qual seria o melhor posicionamento para a marca: se manter como uma montadora restrita aos carros de alto luxo ou abrir o leque ter atuação mais ampla na categoria premium. Hoje o executivo comemora a escolha da segunda opção. “Vimos que era necessário atingir altos volumes para manter uma boa escala de produção e decidimos estar nos segmentos que os nossos concorrentes estão”, aponta, lembrando da disputa com Audi e BMW.
No Brasil o limite da flexibilização da gama Mercedes-Benz é o Classe A, que pode ser adquirido pelo consumidor por cerca de R$ 111 mil. Já o limite superior dos carros da marca parece não ser tão claro. “Temos uma série de opções para quem busca o máximo de diferenciação e exclusividade, como a gama AMG, que já responde por 5% do total vendido no Brasil”, detalha Psillakis.
A companhia também investe para agregar valor e garantir mais comodidade aos clientes. “Temos ampla oferta de serviços, com planos de manutenção, atendimento 24 horas por dia, sete dias por semana, programa de qualidade que garante menor depreciação na revenda de carros usados, entre outras iniciativas”, enumera o executivo. Segundo ele, a ideia é manter o consumidor tradicional da marca, que tem modelos topo de gama como o Classe S, e ainda atrair novos compradores.
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