MT-09 dá um novo tom para a Yamaha

Redenção. Essa é a palavra de ordem para a Yamaha no momento ao apresentar ao mundo a MT-09, modelo misto entre naked e motard que irá para o mercado europeu. A nova moto chega como um bálsamo para aliviar o desconforto causado pela marca no ano passado, durante o Salão de Colônia, na Alemanha, quando apresentou como grande lançamento um novo motor de três cilindros, mas sem dar nenhuma pista de quando o modelo final estaria pronto. Eis, que menos de um ano depois, ela está pronta e promete ser um novo capítulo na história da Casa de Iwata.

A MT-09 é inovadora. E, para mostrar isso, a Yamaha resolveu enquadrar a nova moto não em uma, mas em duas categorias. Enquanto a rabeta minimalista e a balança exibem os traços característicos das nakeds, o longo garfo dianteiro tem raízes no segmento supermotard e, inclusive, parece aguardar a instalação do paralama superior abaixo do farol que identifica as motos trail. O conjunto óptico, aliás, tem design moderno e poligonal. No entanto, a ausência de uma carenagem lateral o faz parecer muito pequeno em relação ao tanque e as entradas de ar laterais.

O tanque, com capacidade para 14 litros, tem linhas modernas e está ladeado por entradas de ar que complementam o design da peça e seguem a linha diagonal do garfo. Mais abaixo, os canos dos três cilindros se convergem em um único escape central com ponteira para o lado que centraliza melhor a massa da moto em um desenho semelhante ao que a Yamaha já faz com a linha XJ6. Já a balança foi desenhada de maneira assimétrica. No lado direito, um braço curvado encaixa harmonicamente o escape e ainda pressiona a roda traseira para baixo, forçando o contato do pneu com o solo. Na face esquerda, o braço mais reto e vazado abriga o conjunto de transmissão final por corrente.

Revolução em três cilindros

Embora o design da MT-09 apresente elementos que reinterpretam o segmento, a grande novidade da nova moto fica por conta do motor de três cilindros em linha. Apresentado originalmente durante o Salão de Colônia (Alemanha) no ano passado, o propulsor de 847 cm³ é capaz de gerar até 115 cv de potência máxima a 10.000 rpm, torque máximo de 8,9 kgf.m a 8.500 rpm e conta com o virabrequim crossplane. Oriunda da MotoGP e já utilizada na YZF-R1 desde 2009, a tecnologia viabiliza uma entrega de torque mais linear e beneficia as baixas e médias faixas de giro por fazer com que a explosão dos cilindros aconteça um por vez em intervalos uniformes, que no caso da MT-09, são de 240º.

Outro ponto favorecido pela arquitetura tricilíndrica foi o desempenho próximo ao de modelos com quatro cilindros, mas com peso menor. A naked FZ-8, por exemplo, desenvolve até 106 cv na mesma faixa de giro e pesa dez quilos a mais do que a nova moto. Aliás, no mercado norte-americano o modelo foi rebatizado como FZ-09 justamente para suceder a naked, chegando às concessionárias da Yamaha em setembro 2013 pelo preço sugerido de 7.990 dólares em versão única, sem ABS. O novo motor também é econômico e, segundo a Yamaha, tem autonomia de 240 quilômetros ou mais, dependendo do uso.

Nos freios, a MT-09 recebeu configuração digna de superbike. São dois discos flutuantes de 298 mm de diâmetro montados de forma radial com pinças de quatro pistões opostos na dianteira, enquanto a roda traseira traz um disco de 245 mm de diâmetro e pinça de pistão único. No modelo europeu, o ABS é oferecido como opção. Montada sobre um quadro tipo diamond, cujo desenho com os parafusos em evidência cria um aspecto quase artesanal, a moto conta com suspensão invertida (upside-down) com curso de 137 mm na dianteira. Na traseira, a balança é equipada com um monoamortecedor horizontal com link com curso de 130 mm.

Naked com ergonomia motard

O visual da MT-09 a deixa mais próximo de uma moto naked. No entanto, ao analisar sua postura de pilotagem é possível perceber a influência das supermotos. O guidão mais alto e as pedaleiras mais baixas, aliado com o assento que coloca piloto e garupa em um mesmo nível oferecem uma condução mais confortável e menos esportiva. Esses atributos, aliados com o corpo esguio e o peso de 188 kg (em ordem de marcha para a versão standard) fazem dela uma boa companheira para deslocamentos urbanos.

Lado negro

De acordo com a marca dos três diapasões, a inspiração para o projeto da MT-09 foi o “lado negro” do Japão, caracterizado pela criatividade excêntrica dos cidadãos que fazem contraponto à tradicional cultura do país. Todavia, espera-se que a nova moto seja a luz que faltava para Yamaha encontrar novamente seu caminho. Pelo menos, foi o que declarou Kunihiko Miwa, Senior Executive Officer da marca, ao apresentar o propulsor de três cilindros que equipa a moto no ano passado em Colônia na Alemanha. “Estou aqui para mostrar o que estamos fazendo e para onde estamos indo.”