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Novo motor Harley-Davidson vibra menos para agradar mais

06/09/2016 - 17:06 - Arthur Caldeira / Agência INFOMOTO de Port Angeles (WA), Estados Unidos* - FOTOS: Divulgação
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Um motor mais moderno e menos vibrante é a principal novidade da linha 2017 da Harley-Davidson. Batizado de Milwaukee-Eight 107, o V2 de 1.753 cm³ promete melhor desempenho e menos vibração para aumentar o conforto da família Touring, formada pelos modelos mais emblemáticos e também os mais vendidos da marca norte-americana em todo o mundo. Outra melhoria está no novo conjunto de suspensões nas estradeiras americanas que devem chegar ao Brasil em novembro. 

Embora mantenha a tradicional arquitetura de dois cilindros em “V” dispostos a 45°, o motor que irá equipar a linha Touring 2017 é completamente novo. “Desenhamos o ‘Milwaukee-Eight 107’ dos pés à cabeça”, garante Alexander Bozmoski, engenheiro-chefe de novos produtos da marca. O propulsor traz no nome a cidade de origem da Harley; uma de suas principais novidades, as oito válvulas por cilindro; e a capacidade cúbica em polegadas. 

Basta apertar o botão de partida para dar razão ao engenheiro da Harley: o novo V2 “pega” mais facilmente e não emite aquele bufar alto e rústico característico do anterior Twin Cam 103 (1.688 cm³). Nota-se também a ausência de vibrações no motor, que ganhou um eixo contra-balanceiro e é montado sobre coxins de borracha. “Reduzimos as vibrações em 75% em marcha lenta, a um nível que o nosso consumidor fiel não reclamasse”, afirma Bozmoski.

Com dois cilindros em “V”, exatos 1.753,42 cm³ de capacidade, o novo motor tem comando de válvulas simples por varetas e quatro válvulas por cilindro, que oferece um fluxo maior de admissão e exaustão. Com válvulas mais leves, o comando simples e os novos cabeçotes, a Harley também diminuiu o ruído interno do motor para que não encobrisse o ronco do escapamento.

Outro detalhe no qual a equipe liderada por Bozmoski dedicou horas de desenvolvimento foi no gerenciamento de calor. “Nosso cliente e, principalmente, os consumidores de outras marcas afirmaram em pesquisas que desejariam um passeio mais fresco”, explica o engenheiro. Para isso, a Harley adotou dutos de arrefecimento – a óleo ou a água, no caso do Twin-cooled - mais precisos nas áreas onde o motor esquenta mais. Além disso, o sistema de escapamento foi redesenhado e a curva do cilindro traseiro fica “escondida” atrás do mesmo. 

A nova unidade de controle eletrônico (ECU) e sensores mais modernos são os responsáveis por um intervalo de ignição mais preciso das duas velas por cilindro, o que também deve melhorar o consumo. A rotação de marcha lenta caiu de 1.000 rpm para 850 rpm.

Novas suspensões

O motor mais eficiente e menos vibrante é a principal novidade para 2017, mas para o diretor de planejamento de novos produtos da Harley-Davidson, Paul James, o que faz uma grande diferença são as novas suspensões. “O consumidor vai realmente perceber a evolução”, afirma James. 

Na dianteira, a fábrica americana adotou garfos do tipo cartucho da japonesa Showa com uma nova tecnologia que garante um funcionamento mais suave dos amortecedores com 117 mm de curso. Na traseira, o sistema bichoque ganhou amortecedores com emulsão mais progressivos e com o tradicional ajuste na pré-carga da mola feito por uma borboleta ao invés do anterior feito com ar comprimido e que requeria manutenção periódica. De acordo com a marca, o motociclista conta com até 30% mais precisão no ajuste da pré-carga da mola traseira.

O novo conjunto de suspensões garante que as rodas fiquem em contato com o solo, garantido assim mais conforto e mais controle, de acordo com a marca. “Antes os clientes gastavam milhares de dólares em novos amortecedores, que agora vem de série nos modelos Touring”, garante Paul James.

Primeiras impressões: Ultra Limited

O lançamento mundial da linha Touring 2017 aconteceu no Estado de Washington, noroeste dos Estados Unidos. Durante dois dias, pude rodar por mais de 600 km ao redor do belo Olympic National Park, com o visual típico da região montanhosa e com uma densa floresta de coníferas. 

Logo de cara, nota-se outra mudança: o motor está mais estreito, uma vez que a engrenagem primária ficou mais compacta e a perna esquerda alcança o chão com mais facilidade. Do lado direito, a nova saída de escapamento e a mudança da posição do catalisador, agora mais recuado, também evita que a perna encoste no escapamento. 

Também impressiona a ausência de vibração, ao ligar o motor Twin-cooled Milwaukee Eight (com refrigeração líquida nos cabeçotes) da Ultra Limited, um dos modelos mais completos e também o mais vendido da Harley-Davidson no Brasil, principalmente em marcha lenta. Até mesmo a imagem dos espelhos retrovisores fica estática e a diferença é significativa. Ao começar a acelerar pode-se ouvir melhor o ronco do escapamento e o nível de ruídos do motor, de fato, foi reduzido. 

Quanto ao alardeado conforto térmico, com a temperatura amena em torno de 16° C do “verão” de Washington, não é possível afirmar que a mudança foi tão grande quanto nas vibrações. Mas neste primeiro contato, tive a impressão de que o motor parece esquentar menos. 

No quesito desempenho, o torque de mais de 10% já apareceu ao acelerar a Ultra Limited com vontade no asfalto molhado da Highway 101: as arrancadas são mais vigorosas e fizeram a traseira derrapar, como em poucas vezes em uma Harley. O motor precisa girar menos – em torno de 1.600 rpm – para responder com rapidez. A impressão é de que o novo V2 respira mais livre e demonstra funcionamento mais linear do que o anterior Twin Cam. Para se ter uma ideia a 60 milhas por hora (cerca de 100 km/h) o conta-giros indicava apenas 2.000 rpm. Também pudera, afinal criado com 88 polegadas de capacidade cúbica no final dos anos de 1980, o Twin Cam já estava no limite com suas 103 polegadas cúbicas, apesar de ter passado por diversas modernizações.

Com respostas mais imediatas e reduções de marchas menos frequentes, o novo motor torna a viagem mais confortável. Entretanto, a Harley-Davidson afirma não ter alterado a relação de marchas nos modelos 2017. Com isso, as marchas ficaram muito longas e até mesmo Alexander Bozmoski acredita que alguns clientes poderão instalar um pinhão com menos dentes para alcançar acelerações mais empolgantes. 

Outra melhoria poderia ser a instalação de um controle de tração focado na segurança, principalmente em pisos molhados. Afinal, muitos dos clientes de modelos com a Ultra Limited podem se surpreender com o torque extra – afinal como sempre a marca não divulgou a potência do novo motor. Quem sabe essas novidades não cheguem em 2018?

As suspensões também se mostraram superiores às anteriores, mesmo nas boas estradas americanas. Em alguns trechos havia diversas ondulações e irregularidades nas sinuosas estradas de mão dupla da região. Aquela batida seca, antes comum em qualquer desnível, ficaram menos frequentes. O trem dianteiro agora transmite uma resposta mais precisa ao piloto, aumentando a confiança nas curvas e a estabilidade em velocidades mais altas.

Mercado

O line-up dos modelos Touring 2017 para o mercado brasileiro não deve mudar. Road King Classic e Street Glide Special virão equipadas com a versão base do Milwaukee-Eight 107, com refrigeração a ar e óleo. A mais luxuosa Ultra Limited utiliza a versão com refrigeração líquida, e as mais especiais e caras CVO Street Glide e CVO Limited trarão a versão maior, o Twin-Cooled Milwaukee-Eight 114, com 1868 cm³ de capacidade. 

As novas motos, já à venda nos Estados Unidos, estão previstas para chegar ao Brasil em outubro. Embora os preços em reais ainda não foram definidos, os modelos deverão ter um aumento em torno de US$ 500 como no mercado norte-americano, segundo Julio Vitti, gerente de planejamento de produtos para as Américas.

FICHA TÉCNICA - Harley-Davidson Ultra Limited 2017

Motor Twin Cooled Milwaukee-Eight 107, com dois cilindros em “V” e refrigeração líquida
Diâmetro x curso 100 mm x 111,1 mm 
Capacidade 1.753 cm³
Taxa de compressão 10,0:1
Câmbio Seis velocidades    
Potência máxima ND
Torque máximo 15,6 kgf.m (153 Nm) a 3.250 rpm
Suspensão dianteira Garfo telescópico Showa de 49 mm de diâmetro com 117 mm de curso
Suspensão traseira Amortecimento bichoque com 76 mm de curso na roda
Freio dianteiro Disco duplo flutuante de 300 mm com pinça fixa de quatro pistões e ABS
Freio traseiro    Disco simples de 300 mm com pinça fixa de quatro pistões e ABS
Pneu dianteiro    130/80 - 17
Pneu traseiro    180/65 - 16
Comprimento total    2.600 mm
Largura total    960 mm
Altura total    1440 mm 
Entre-eixos    1.625 mm    
Altura do assento (descarregada)    740 mm    
Altura mínima do solo    135 mm    
Peso (em ordem de marcha)    413 kg
Peso (a seco) 398 kg
Tanque de combustível 22,7 l
Preço Não definido

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