Os motores Hemi v8 são um sucesso desde a década de 60

Se você gosta de carros, provavelmente já ouviu falar do motor HEMI. Se nasceu na década de 60 ou antes, deve se lembrar do fenômeno criado pelos motores da Chrysler nos anos 50, 60, e 70. Se você acompanha os muscle cars ou as provas de arrancada, sabe que o motor HEMI 426 é popular por causa de seu desempenho.

Mas mesmo que você saiba pouco ou nada sobre carros e motores, pode ser que a palavra "HEMI" ainda signifique alguma coisa pra você. Ela se tornou um sinônimo de motores grandes e potentes.

O primeiro motor HEMI para carros surgiu em 1948, Harry Westlake e outros desenvolveram um motor de 6 cilindros para a Jaguar. Alguns anos depois, em 1951, a Chrysler apresentou o V8 de 180 cv em vários modelos. Hoje em dia, 180 cv parece nada. Mas em 1951, era uma potência impressionante para a época, e deu vida à "lenda do HEMI".

A Chrysler continuou a melhorar o design do motor, lançando um de 5,8 litros em 1956, um de 6,4 litros em 1957, e por fim uma versão de 7 litros em 1964 que transformou em lenda quando ganhou a corrida da NASCAR Daytona 500 em primeiro, segundo e terceiro lugares. O motor 7 litros de rua foi lançado somente em 1965, com 425 cv de potência.

O bloco e os cabeçotes da versão de 7 litros ainda hoje são disponibilizados pela Dodge. O HEMI de 7 litros é um motor popular em corridas de arrancada, de muscle cars no mundo inteiro.

O que permitiu que o super motor da Chrysler de 1951 produzisse muito mais potência do que outros motores da época foi a eficiência da câmara de combustão. Em um motor HEMI, a parte de cima da câmara de combustão é hemisférica, a área de combustão no cabeçote tem o formato de meia esfera. Em um cabeçote HEMI, a vela geralmente fica no topo da câmara de combustão e as válvulas abrem-se em lados opostos dela.

Uma das principais vantagens do cabeçote do HEMI em comparação com um motor de cabeçote plano. Área de superfície causa perda de calor. O combustível que fica próximo às paredes do cabeçote pode esfriar tanto que não queima de forma eficiente. No cabeçote plano, o tamanho da área de superfície relativo ao volume da câmara de combustão é grande. Em um motor HEMI, a área de superfície é bem menor do que em um motor de cabeçote plano, então menos calor é perdido e o pico de pressão pode ser maior.

Outro detalhe do cabeçote do HEMI é o tamanho das válvulas. Já que as válvulas ficam em lados opostos do cabeçote, há mais espaço para elas. O desenho de motor que o precedeu, foi uma câmara de combustão em formato de cunha, com as válvulas alinhadas umas às outras. O arranjo em linha limitava o tamanho da válvula. Em um motor HEMI, as válvulas podem ser grandes, aumentando o fluxo de ar dentro do motor.

O motor Hemi V8 6.1 usado hoje em versões especiais da Chrysler como 300C, Grand Cherokee , Charger e Challenge tem um temperamento mais rebelde. Enquanto outros Hemi geram 340 cv a 5 000 rpm, o 6.1 entrega 431 cv a 6 000 rpm. E o torque pula de 53,5 mkgf a 4 000 rpm para 58 a 4 800. Para conseguir maior torque e potência, os engenheiros mexeram não só no deslocamento (aumentando o diâmetro dos cilindros em 3,5 milímetros). Eles elevaram a taxa de compressão de 9,6:1 para 10,3:1 e redesenharam o cabeçote de alumínio e os dutos de admissão e de escape, mas ainda assim não exploraram todas as possibilidades da tecnologia atual.

Os coletores não são variáveis e apenas um comando simples, com acionamento por varetas, no bloco, rege solitariamente os movimentos das válvulas, à razão de duas válvulas por cilindro. Componentes de aço como virabrequim, bielas e pistões tiveram de ser reforçados para suportar as violentas explosões nas câmaras, assim como o próprio bloco do motor. Também o cárter foi modificado para proporcionar lubrificação mais eficiente em altos regimes.