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Paris: liberdade, conectividade e eletromobilidade

01/10/2016 - 18:54 - Automotive Business - Fotos: Divulgação
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Na capital francesa onde eclodiu no fim do século 18 a revolução que mudou o mundo, baseada nos princípios da tríade “liberdade, igualdade e fraternidade”, os maiores fabricantes mundiais de carros se reúnem dois séculos depois no Salão de Paris para mostrar outra revolução que vai mudar rapidamente o universo dos carros até o fim desta década. Parafraseando os ideais revolucionários franceses, liberdade, conectividade e eletromobilidade são os fios condutores das mudanças em passo acelerado. Cada marca à sua maneira, todas trabalham para deixar o cliente livre da obrigação de ter um veículo ou precisar dirigi-lo, de estar conectado em movimento ou parado para encontrar um lugar para estacionar, o melhor restaurante ou o caminho de casa (entre muitas outras possibilidades), tudo sem emitir um grama sequer de gases poluentes ou de efeito estufa, usando a energia limpa da eletricidade. 

Graças à evolução das tecnologias de conectividade, das baterias elétricas e da inteligência artificial embarcada nos automóveis na forma de sensores, centrais de processamento de dados de alta velocidade e atuadores mecatrônicos, os carros de um futuro bem próximo, de cinco a dez anos, poderão guiar com pouca ou nenhuma interferência humana, ter autonomia acima de 500 km em modo elétrico (com recargas rápidas de 30 minutos), além de ganhar vida em um mundo paralelo virtual, no qual se trocam informações, atualizações, roteiros etc. 

E tudo isso sem que o carro precise necessariamente ser seu: o compartilhamento de veículos entre pessoas ou via empresas frotistas (também suportado por aplicativos de smartphones) já é realidade em países da Europa e América do Norte e está crescendo ao ritmo de dezenas de terabytes por segundo – as montadoras estão bem atentas a esse movimento e se preparam para prestar serviços de compartilhamento. 

Vários fabricantes de veículos na Europa e América do Norte estão entrando no mundo dos serviços de compartilhamento, por meio de parcerias ou mesmo de aquisições de participação em empresas que criaram aplicativos com esse fim. O Grupo PSA, por exemplo, lançou a marca Free2Move para reuniri suas iniciativas nessa área. A Mercedes-Benz também tem sua iniciativa nesse sentido com o Car2Go, que já tem 2 milhões de usuários no mundo. A marca deve lança em novembro uma nova plataforma de compartilhamento na Alemanha, em que o proprietário de um Mercedes poderá oferecer seu carro para aluguel nos momentos em que fica parado. 

Reinvenção do automóvel 

“Conectividade, direção autônoma, compartilhamento e eletromibilidade são os quatro pilares que estão virando a indústria de ponta-cabeça”, reconhece Dieter Zetsche, presidente do Grupo Daimler e CEO da Mercedes-Benz Cars. O executivo explicou à imprensa internacional durante apresentação no Salão de Paris (aberto ao público de 1° a 16 de outubro) como a marca que inventou o automóvel está tratando de reinventá-lo, seguindo essas megatendências. 

Pelo lado da conectividade, lançou a iniciativa Community Base Parking, que usa a comunicação entre veículos para encontrar vagas de estacionamento – algo de fundamental importância em grandes e congestionadas cidades. Estima-se que, em algumas regiões urbanas de alta densidade populacional da Europa, as pessoas gastem de 10 a 15 minutos por dia para encontrar onde parar seu carro. 

Seguindo a tendência de autonomia, a proposta da Mercedes é a fusão de sensores como radar, lidar e câmeras para dar olhos e orientação ao automóvel. “É como fundir as habilidades admiráveis de alguns animais, como os pássaros que voam orientados pelo magnetismo da Terra, ou os peixes que nadam no escuro seguindo as ondas da água. Queremos criar um carro com poderes quase sobrenaturais, indo tão longe com a direção autônoma quanto a segurança e legislação permitirem”, disse Zetsche. 

O colega Carlos Ghosn, CEO da Aliança Renault-Nissan, que tem acordo de parceria tecnológica com a Mercedes, vai na mesma linha, mas com muita prática: “A Aliança vai lançar 10 modelos Renault e Nissan com o nosso Pro-Pilot já a partir de 2017, que permite a condução semiautônoma (mantém o carro com frenagem e aceleração automáticas na faixa de rolamento sem que o motorista precise pegar no volante)”. 

De maneira geral, a maioria dos fabricantes já traçou a rota para a direção autônoma, que começa a se tornar realidade a partir do ano que vem com adoção de funções semiautônomas como o Pro-Pilot da Nissan. Em 2017 alguns modelos terão sistemas assim, que ainda requerem a atenção do motorista ao volante, já em 2018 ele poderá tirar os olhos da estrada em certas condições de condução, em 2025 nem precisará mais pensar na rota, o carro vai fazer tudo sozinho, e alguns especialistas preveem que na virada de 2030 o veículo nem será mais necessário ter um volante. 

Eletrificação estendida 

Ao que parece, o principal entrave para o desenvolvimento de veículos elétricos está sendo superado: as baterias estão ficando mais baratas, leves e potentes, aumentando bastante a autonomia e viabilizando o maior uso da tecnologia. Quase todos os fabricantes presentes no salão de Paris prometeram lançar novos modelos elétricos em abundância nos próximos anos na Europa, Estados Unidos, China e Japão. E apresentaram carros que mais que dobraram a distância que podem percorrer antes de precisar recarregar as baterias. 

O Grupo PSA, por exemplo, entre 2019 e 2021 pretende lançar quatro modelos elétricos Peugeot e Citroën com autonomia superior a 450 km, e outros sete híbridos plug-in (que também são ligados à tomada para recarregar as baterias) capazes de rodar até 60 km em modo elétrico dentro das cidades. E todos usarão a mesma carroceria, com o mesmo design, dos veículos das duas marcas movidos por motores a combustão. 

A concorrente francesa Renault saiu na frente com sua aposta nos elétricos, já vendeu 100 mil deles e tem 50% do mercado mundial da categoria. No Salão de Paris, apresenta quatro elétricos, incluindo o novo ZOE com autonomia dobrada para 400 km. A alemã BMW, que criou a marca “i” para seus elétricos e híbidos, dedicou boa parte de seu estande no evento só para modelos alimentados por baterias. 

A Mercerdes-Benz, que há algum tempo já vendia uma versão elétrica do subcompacto Smart, também apresenta em primeira-mão em Paris sua submarca para modelos elétricos, a EQ, começando pelo protótipo EQ Generation, um SUV com sistema de direção autônoma e o novo “visual eletrificado” que dará origem a uma família de carros alimentados por baterias da marca. “Queremos ser uma das dez marcas de veículos elétricos mais vendidas do mundo até 2025”, relevou Dieter Zetsche. E para alimentar essa ambição, a Mercedes investe nada menos que € 1 bilhão em duas fábricas para fazer suas próprias baterias na Alemanha. 

O Grupo Volkswagen também anunciou que criará uma nova marca para abrigar todas as iniciativas de eletrificação da companhia. Com os híbridos Panamera da Porsche, por exemplo, vai iniciar os testes com sistema de leasing de baterias. Mas o foco da eletrificação está na Volkswagen, que apresentou em Paris o ID, primeiro protótipo da marca construído sobre a nova plataforma para carros elétricos, com direção autônoma e promessa de autonomia de até 600 km e preço parecido com o de um Golf diesel na Europa (cerca de € 25 mil atualmente na Alemanha). 

“Vamos lançar uma nova família de modelos totalmente elétricos até 2020 e queremos ser a marca número um do mundo nesse tipo de propulsão até 2025”, disse Hebert Diess, CEO mundial da marca de carros Volkswagen. “Com o ID mostramos que estamos prontos para o futuro. O carro é o primeiro elétrico para o uso diário, inteligente, sustentável e acessível em preço, um genuíno Volkswagen que promete continuar as histórias de sucesso que a marca teve com o Fusca e depois com o Golf”, confia o executivo. 

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