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O objetivo, no entanto, não é ganhar mercado, nem há volume de produção suficiente para tanto. A intenção principal é ganhar imagem com um modelo que simboliza o que de melhor a Peugeot já fez, em momento no qual a marca reestruturou toda a rede de concessionárias e tenta reconstruir sua reputação no País. O 3008 já ganhou prêmios e formou filas de espera na Europa, por isso a fábrica de Mulhouse, na França, não consegue mandar para o Brasil mais do que 250 veículos por mês. E vale a pena tanto trabalho para vender não mais do que 3 mil unidades/ano? “O que vale é colocar esse carro nas ruas porque ele se vende sozinho e tem o poder de chamar a atenção, porque valoriza o motorista com sua imponência e a marca por consequência”, reponde Ana Theresa Borsari, diretora geral da Peugeot no Brasil.
O discurso é o mesmo de 2010, quando a Peugeot trouxe o 3008 pela primeira vez ao Brasil, também com vendas limitadas por cotas e proposta de formar imagem da marca em momento muito melhor que o atual, com mercado francamente ascendente. De lá para cá as vendas desabaram e a marca perdeu espaço no País, teve de começar tudo outra vez, com ampla reformulação da rede – cerca de 60% dos grupos de revendedores foram trocados desde 2015 – e promessa de bom atendimento, incluindo a fixação de compromissos públicos.
“Começamos essa estratégia há cerca de dois anos e ainda continuamos a trabalhar. Ainda não houve resultado prático em vendas, mas foi bom para nossos clientes. Tivemos um 2016 muito bom, com a recuperação da satisfação deles”, afirma Ana Theresa. Segundo ela, o porcentual de pessoas que deu notas 9 ou 10 ao atendimento nas concessionárias subiu de 58% no fim do ano passado para 92% em maio último. “Por isso o 3008 não é só mais um lançamento, porque chega para consolidar esse novo posicionamento da marca e reforçar uma imagem de qualidade, representa hoje a essência da nossa marca em design, experiência de condução e tecnologia”, diz a diretora. A Peugeot terminou 2016 com participação de mercado de 1,3%, de janeiro a maio ficou com 1,2% e a estimativa é fechar 2017 com share entre 1,4% e 1,5%.
Experiência agradável
Não é conversa. Dirigir o 3008 é de fato uma experiência agradável, como pôde comprovar este jornalista em um também agradável percurso entre Rio de Janeiro e a serrana Petrópolis, com direito a muitas subidas, descidas e curvas – tudo superado com raro prazer de conduzir um belo espécime do design automotivo moderno. O SUV tem aparência robusta, com ampla grade frontal, mas tem traços bem desenhados que inspiram sofisticação, espelhada em vincos vigorosos, faróis recortados e lanternas 100% LED – com assinatura visual para lembrar as garras do leão-símbolo da Peugeot.
Entre outras sofisticações e acabamento interno caprichado, com materiais de primeira, o 3008 incorporou a segunda geração do i-Cockpit da Peugeot, lançado primeiro no 208 há cinco anos, com o reduzido volante esportivo posicionado abaixo do quadro de instrumentos, que agora é 100% digital em tela colorida de 12,3 polegadas configurável ao gosto do freguês. O volante também foi redesenhado para melhorar a “pegada”. No centro do painel, posicionado com o se fosse um tablete, fica a tela de oito polegadas sensível ao toque da central multimídia, que controla massagem dos bancos dianteiros, rádio, climatização, navegação, parâmetros do veículo, telefone e aplicativos móveis. O sistema já roda o Apple Car Play, Android Auto e Mirror Link para conexão e interação com o smartphone, que pode ser recarregado por indução, sem cabo, no console central. A tela também monitora a câmera de ré e a simulação 360° do veículo visto de cima, para facilitar as monobras de estacionamento.
Construído sobre a nova plataforma EMP2 do Grupo PSA, cerca de 100 kg mais leve que a antecessora, equipa o SUV o mesmo motor 1.6 THP que já estava na geração anterior, de 165 cavalos com turboalimentação de alta pressão e injeção direta, nascido de parceria de engenharia com a BMW há cerca de uma década, que hoje presta serviços embaixo do capô para quase todos os modelos do fabricante no mundo, incluindo Peugeot, Citroën e DS. Acoplado à também quase universal transmissão automática de seis velocidades usada pela PSA, o conjunto de powertrain empurra os 1.567 kg do 3008 com vigor de seu torque de robustos 24,5 kgfm, já disponíveis em sua totalidade a partir de baixos 1.400 rpm.
À força da motorização, direção e suspensão respondem com precisão, aderência, conforto e balanço lateral contido, passando muito pouco das irregularidades do piso para dentro do carro. Na prática, tudo isso significa que o 3008 oferece prazer a quem dirige, com mescla de potência, estabilidade e suavidade na medida certa para uso urbano ou rodoviário. Por vezes, devido à sua agilidade, nem parece que o SUV tem 4,45 m de comprimento e 1,9 de largura total.
Contribui para melhorar a jornada o perfeito ajuste elétrico do banco do motorista e os cinco tipos de massagens aplicadas em oito pontos dos dois bancos dianteiros, que podem ser livremente escolhidas. No interior, a atmosfera é espaçosa com o maior entre-eixo dos SUVs médios (2,67 m) e bem iluminada pela ampla área envidraçada e o teto solar panorâmico em toda a extensão do teto. A cabine é bem climatizada pelo ar-condicionado eletrônico com zona dupla de temperatura e saída de ventilação para os passageiros de trás. O imenso porta-malas com regulagem de altura do assoalho acomoda 520 litros de bagagens com os bancos em posição normal. Outros porta-objetos a bordo somam 32 litros, incluindo uma geladeira instalada no console central.
Para segurança, o 3008 tem seis airbags e todas as assistência eletrônicas de estabilidade (ESP) e tração, além de sistema de assistência de partida em rampa (hill assist). Na Europa o SUV ganhou cinco estrelas nos rigorosos testes de colisão do Euro NCAP – portanto, tem fôlego de sobra superar as avaliações mais simples do Latim NCAP para países latino-americanos.
Os 30 primeiros compradores do 3008 no Brasil vão ganhar de presente o patinete elétrico e-Kick, capaz de atingir até 25 km/h. O mimo é uma extravagância para fazer algum barulho na tentativa de atrair novamente a atenção do público brasileiro de que a Peugeot tanto precisa.
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