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Para descobrir na prática que diferença faz o aumento de potência e torque na NC 750X, rodamos com a moto na cidade, em estradas e no trânsito de São Paulo (SP). Ainda convidamos o proprietário de uma antiga NC 700X para fazer um test-ride e dar sua opinião sobre o novo modelo.
Maior diâmetro
O propulsor de dois cilindros paralelos é “metade” do motor de um Honda Fit. Para ter melhor desempenho, a fábrica japonesa recorreu ao velho ditado: “nada substitui a capacidade cúbica”. Para chegar aos atuais 745 cm³ - antes eram 669,6 cm³ - os dois cilindros tiveram seus diâmetros aumentados em 4 mm, passando para 77 mm. O curso manteve-se em 80 mm. Com as alterações, torque e potência também aumentaram.
O mecânico industrial Tadeu Vieira, 61 anos, de Bragança Paulista, interior de São Paulo, é proprietário de uma NC 700X e acelerou a nova 750, a nosso convite. No início, foi difícil perceber a diferença em ritmo lento, mas na estrada o novo motor mostra mais fôlego. “Parece empurrar mais a moto”, afirmou Vieira. Esse é o resultado do aumento de 8% no torque, que pulou de 6,4 kgf.m para 6,94 kgf.m já a 4.750 rpm. Já a potência, um dos fatores que permite a moto manter a velocidade, saltou de 52,5 cv para 54,8 cv a 6.250 giros.
Na estrada as motos mostraram comportamentos diferentes. Rodando em terceira marcha, por exemplo, o corte da NC 750 acontece perto dos 7.000 giros e o velocímetro marca 125 km/h. Na versão anterior, na mesma condição, o velocímetro marcava 120 km/h e o motor cortava a exatos 6.500 rpm. Uma característica que incomodava a muitos donos da NC 700, que tentavam acelerar para realizar uma ultrapassagem ou até mesmo pilotar de forma mais esportiva.
Rodando de forma comedida, o motor parece “ronronar” em velocidades baixas. A 100 km/h, em sexta marcha – over-drive –, o motor está a apenas 3.000 giros. Mas ao girar o acelerador, a velocidade sobe facilmente até os 160 km/h. Porém, depois cresce mais lentamente até atingir os 180 km/h no velocímetro. Acima disso, é preciso contar com uma reta muita longa com vento a favor para superar os 190 km/h. Durante a viagem, a nova NC foi ganhando velocidade enquanto a 700 ficava para trás. Rodando também se percebe que diminuiu o nível de vibração – que já era baixo na versão 700. A moto está realmente mais silenciosa e com menos vibrações graças a um novo balanceiro no motor.
Outra “promessa” da Honda é que a NC 750X ficou ainda mais econômica. Foram feitas várias medições, sendo que a melhor foi de 31,77 km/litro e a pior 23,30 km/litro. Porém, em nosso teste prático, houve semelhança entre o consumo dos dois modelos. Em um trecho de 120 km, ambas fizeram 31 km/litro rodando na mesma velocidade e tocada.
Melhorias bem vindas
Com baixa vibração e um escapamento muito silencioso, a moto traz em seu novo painel um auxílio importante na pilotagem: o indicador de marchas engatadas. “Muitas vezes você não sabe a marcha que está, e o conta-giros não permite uma visualização rápida”, afirmou Tadeu Vieira, dono da antiga NC 700. O painel ainda conta com um computador de bordo que informa consumo médio, instantâneo e autonomia.
Outra pequena melhoria, e que também diferencia os dois modelos, foi a cobertura do banco, largo e confortável. O novo tecido tem um acabamento que oferece mais aderência. Dessa forma, piloto e garupa não escorregam para frente nas frenagens mais fortes.
E por falar em freios, o sistema manteve um disco simples na frente (320 mm de diâmetro) com pinça de dois pistões. Na traseira, disco de 240 mm e pinça de um pistão. Mas a alteração está presente na versão com ABS que perdeu o sistema C-ABS (combinado) – que acionava simultaneamente os freios dianteiro e traseiro. Agora, na NC 750 X, o piloto conta com freios individuais que permitem frenagens mais controladas. Uma melhoria bem-vinda para quem usa a moto de forma mais esportiva. Afinal, na hora de corrigir uma curva, por exemplo, o freio traseiro é muito útil e nem todo mundo quer acionar a pinça dianteira nessa hora.
Conclusão
Talvez a NC seja uma das motos mais revolucionárias e desconhecidas da Honda no Brasil. Revolucionária pelo compartimento para bagagens, existente no lugar do falso tanque combustível, e que acomoda até um capacete fechado. Essa capacidade de transportar bagagens a coloca no patamar de praticidade de alguns scooters. Desconhecida, pois, mesmo três anos após o seu lançamento, muitos motociclistas não a conhecem e poucos frentistas sabem que o bocal do tanque de combustível fica sob o banco da garupa.
A nova NC 750 X mostrou que continua uma moto confortável que permite rodar centenas de quilômetros sem cansar o piloto. Porém quem busca esportividade poderá se decepcionar, pois o ganho de potência ainda não é o bastante para empolgar. O mesmo pode-se dizer do visual que a diferencia da versão anterior apenas pelo adesivo na lateral e pintura do motor, agora em grafite. Faltou ousadia no design dos grafismos e também na escolha das cores. Porém seus trunfos ligados a racionalidade como porta capacete, conforto e economia a aproxima de pilotos que não precisam provar nada para ninguém. Querem uma moto racional e econômica para curtir e não para desfilar.
Mais controle
Para o mecânico industrial Tadeu Vieira, sua Honda NC 700X é a moto ideal por conta de seu conforto e praticidade. “Chego a rodar 300 quilômetros em um passeio, desço da moto e nem estou cansado ou com dores no corpo”. Assim como a maioria dos proprietários da NC ele buscava uma moto racional. “Não abro mão do espaço onde guardo minha capa de chuva e outros pertences”. Acostumado a acelerar forte reclama um pouco da velocidade máxima de sua NC: “poderia andar mais”. Quando rodou com a 750, a princípio, não percebeu tanta diferença até retornar para a sua. “Realmente ela tem mais ‘pegada’, acho que é o que faltava na minha”. Em relação à perda do sistema C-ABS achou que é até legal “assim controlo melhor a moto”.
Ficha Técnica Honda NC 750X 2015
Motor SOHC, 2 cilindros em linha, 4 tempos,
Arrefecimento a líquido
Cilindrada 745 cc
Diâmetro x curso 77 x 80 mm
Potência máxima 54,8 cv a 6.250 rpm
Torque máximo 6,94 kgf.m a 4.750 rpm
Sistema de alimentação Injeção Eletrônica PGM FI
Relação de compressão 10,7: 1
Sistema de lubrificação Forçada, por bomba trocoidal
Transmissão 6 velocidades
Embreagem Multidisco em banho de óleo
Sistema de partida Elétrica
Chassi
Tipo Diamond em aço
Suspensão dianteira Garfo telescópico com 153,5 mm de curso
Suspensão traseira Monoamortecedor, sistema Pro-Link com 150 mm de curso
Freio dianteiro Disco de 320 mm de diâmetro
Freio traseiro Disco de 240 mm de diâmetro
Pneu dianteiro 120/70 ZR17M/C
Pneu traseiro 160/60 ZR17M/C
Comprimento x largura x altura 2.209 mm x 850 mm x 1.284 mm
Distância entre-eixos 1538 mm
Distância mínima do solo 164 mm
Altura do assento 831 mm
Capacidade do tanque 14,1 litros (2,9 litros para a reserva)
Peso seco 205 kg (STD) e 209 kg (ABS)
Preço R$ 28.990 (standard) e R$ 31.100 (ABS)
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