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Para celebrar essa efeméride, INFOMOTO conversou, por telefone, com o atual CEO da Ducati Motor Holding, Gabriele Del Torchio. Com experiência em outras grandes empresas italianas, como Carraro, Azienda Padova Servizi e a fabricante de iates de luxo, Ferreti, Del Torchio, 60 anos, ocupa o cargo de Chief Executive Officer da Ducati desde 21 de maio de 2007. Para coroar sua estreia no comando de uma das mais célebres fábricas italianas, foi naquele ano que a Ducati conquistou seu título mundial de MotoGP com o australiano Casey Stoner.
Mas esse não foi o único bom resultado que pode ser creditado à Del Torchio e à equipe que comanda. Desde que assumiu, a Ducati vem colecionando excelentes resultados também na área comercial. A cada ano, as vendas aumentam ao redor do mundo e chegaram ao recorde de 44.102 unidades entregues no ano passado – um aumento de 16% sobre o ano anterior.
Neste bate-papo, o sempre atencioso Del Torchio explica aos motociclistas brasileiros o porquê da venda para a Audi e fala também dos planos futuros da companhia, nos quais o Brasil tem um importante papel. Confira abaixo os principais pontos desta entrevista exclusiva feita pela Agência INFOMOTO com o CEO da Ducati.
INFOMOTO – Nos últimos anos, a Ducati tem conseguido bom desempenho em vendas, alcançando recordes a cada ano. Ainda assim a empresa foi vendida para a Audi AG. Por quê?
Gabriele Del Torchio – Essa é uma pergunta muito bem colocada. Realmente temos alcançado bons resultados em vendas. Tanto que 2012 foi o melhor ano na história da Ducati em todo o mundo. Como você sabe, por sete anos a Ducati foi controlada pelo Investindustrial, um grupo europeu de investidores, que teve como objetivo melhorar a empresa e sua competitividade. A estratégia foi baseada em três pilares: desenvolvimento de novos produtos, como a Multistrada, a Hypermotard e a Diavel; a internacionalização da empresa, tanto que atualmente 90% das motos são vendidas fora da Itália; e também no conceito de uma marca premium. A decisão de vender a Ducati não foi, portanto, devido a algum problema financeiro, pelo contrário. A empresa está muito bem do ponto de vista financeiro e industrial. A venda tinha dois objetivos muito claros. O primeiro deles era aumentar o nível de caixa para futuros investimentos. Já o segundo era preparar um futuro sólido para a marca Ducati. Dentro dessa perspectiva e com diversos interessados, o grupo Audi AG reunia as melhores condições e por isso adquiriu a empresa.
INFOMOTO – Agora que essa aquisição completa um ano, quais são os benefícios para a Ducati como empresa e como marca? Vocês irão trocar experiências, compartilhar tecnologias?
Del Torchio – Eu diria que a Audi e a Ducati têm como marcas a busca pela inovação, pela tecnologia e excelência em seus produtos. Compartilham os mesmo ideais e diria que até mesmo a paixão pelos seus produtos. Do ponto de vista prático, estar dentro do grupo Audi é muito importante para a Ducati. Pensando em uma estratégia de longo prazo, as empresas podem compartilhar os centros de pesquisa em busca de inovação em seus produtos. Além disso, a Audi é uma marca mundial e vai ajudar muito a Ducati em sua missão de se internacionalizar. Por exemplo, no Brasil, a Audi e a Ducati já dividem o mesmo escritório em São Paulo. Outro fator importante é que também futuramente poderão compartilhar as empresas de serviços financeiros, enfim, tenho certeza que ser parte do grupo Audi fará da Ducati uma empresa ainda mais forte para crescer.
INFOMOTO – Uma das razões para o sucesso da Ducati nos últimos anos foi o investimento em uma grande variedade de produtos em novos segmentos, como a Multistrada, a Hypermotard e a Diavel. Sob o comando da Audi, podemos esperar que a fábrica atue em novos nichos de mercado? Será que veremos um scooter Ducati, por exemplo?
Del Torchio – Nós já temos um planejamento para os próximos quatro anos, até 2016, aprovado pela Audi. O objetivo agora é confirmar o nosso sucesso nesses novos nichos que entramos. Queremos consolidar nossa participação entre as motos grandes, acima de 500cc, e também nos segmentos que inauguramos, como o de sport cruiser com a Diavel. Temos ainda a Hyperstrada, que estreou um novo segmento. Além de trabalhar nossos mais recentes lançamentos da linha de superesportivas, como a Panigale, Panigale R, enfim, já temos uma estratégia traçada. Não digo que não vamos entrar em novos nichos, porém, pelo menos nos próximos anos queremos é fortalecer o nosso line-up atual.
INFOMOTO – Atualmente qual o principal mercado mundial da Ducati?
Del Torchio – Nosso principal mercado é os Estados Unidos, onde estamos crescendo bastante nos últimos anos. Logo depois vem a Itália. Também na Alemanha, que fica em terceiro lugar, as vendas estão indo bem. Agora estamos investindo forte no Oriente, abrimos uma planta na Tailândia, e as vendas nos mercados asiáticos também estão crescendo. Mas agora o nosso novo desafio é o Brasil e a América do Sul. Sabemos que temos muito trabalho no Brasil para reconstruir nossa reputação, porque os brasileiros gostam da Ducati e a Ducati gosta do Brasil. Investimos para implantar a montagem CKD no País, e agora estamos trabalhando para atender nossos clientes. Queremos fazer do Brasil uma plataforma para ganharmos mercado na América do Sul. Ainda é cedo para fazermos uma previsão sobre o Brasil, mas temos certeza que o país poderá ocupar um lugar de destaque entre os mercados da Ducati. (Nota da Redação – a primeira concessionária Ducati deve abrir suas portas na primeira quinzena de maio. A revenda Ducati Cidade Jardim ficará na Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.690, Jardins (SP)
INFOMOTO – Ducati tem uma forte tradição na motovelocidade. Sob o comando da Audi, a fábrica vai manter essa característica?
Del Torchio – Com certeza. Tanto a Audi como a Ducati têm forte identificação com os esportes a motor. As duas empresas são muito atuantes nas pistas e certamente nossa atuação nas competições vai continuar.
INFOMOTO – A Ducati é uma marca com um apelo emocional muito forte, especialmente quando levamos em conta a paixão em torno dos motores com comando desmodrômico. Considerando isso, o que você pode nos dizer sobre motos que utilizam formas alternativas de propulsão, como eletricidade, por exemplo? Você acha possível ter a mesma emoção trazida pelo som do motor e pelo cheiro de gasolina em motos elétricas?
Del Torchio – Na Ducati, nós acreditamos fortemente na utilização de novas tecnologias. Mas, no momento, não vemos nenhum outro sistema de propulsão alternativa que possa entregar, no mesmo pacote, a emoção, a potência e o som único produzidos pelo motor de comando desmodrômico da Ducati.
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