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É para isso que Luis Curi, CEO da Chery Brasil, tem audiência marcada em Brasília (DF) nesta quarta-feira, 26, com Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, para quem pretende propor um período mais elástico para atingir a nacionalização requerida. Para Curi, “um prazo razoável seria de quatro a cinco anos” para chegar aos 65% exigidos pelo Decreto 7567, editado pelo governo em setembro passado. Na cerimônia de assentamento da pedra fundamental da fábrica de Jacareí, em 19 de julho, Curi havia dito que o índice inicial da unidade seria de 30% a 40%.
“Nossa nacionalização será de acordo com o que a legislação brasileira exigir”, disse Biren, mostrando-se até um pouco mais otimista do que Curi na questão. “Claro que gostaríamos de um prazo maior, mas estamos trabalhando para fazer o que for necessário para colocar a fábrica para funcionar o quanto antes. Já estamos conversando com fornecedores. Talvez possamos até ultrapassar os 65%, não só porque a lei exige, mas também para reduzir nossos custos, pois custa caro trazer componentes pesados da China”, afirmou o executivo chinês – que conhece bem esse processo, pois na China o governo exige nacionalização inicial das montadoras de 90%.
Adaptação “darwiniana”
Segundo Biren, a intenção é comprar no Brasil principalmente os componentes mais pesados e volumosos, como vidros, bancos, chapas, baterias, pneus, rodas e tapetes. Motores e câmbio, no entanto, ficariam “para a segunda etapa do projeto”. Ele não quis revelar ainda com quais fornecedores está conversando, mas disse que a Chery trabalha com os principais sistemistas mundiais, que também atuam no Brasil. Além desses, negocia com fabricantes chineses de autopeças, que poderiam se instalar ao lado da fábrica brasileira. “Gostaria de lembrar que não estamos só fazendo uma fábrica, mas um parque industrial com fornecedores e um centro de desenvolvimento.”
Biren recorreu a uma analogia típica dos chineses para definir como espera que a Chery seja tratada pelo governo brasileiro: “Os governos devem olhar suas fábricas como filhos. A Chery no Brasil ainda é como um bebê recém-nascido que precisa de cuidados. As outras fábricas já instaladas no País são como adolescentes e adultos, que já não precisam de tantos cuidados.” Mas garantiu que, independentemente das negociações, a Chery pretende se adaptar às condições brasileiras, lançando mão de outra analogia: “Como disse Chales Darwin, só sobrevivem aqueles que se adaptam, e nós vamos nos adaptar.”
Aceleração do plano
O presidente de operações internacionais da Chery diz que todos os dias “enche o saco” do chefe operacional da empresa para inaugurar o quanto antes a fábrica no Brasil. “Espero inaugurar antes do prazo inicial que informamos, que era setembro de 2013”, disse.
Curi, no entanto, já acha setembro de 2013 “um prazo bastante apertado, se conseguirmos adiantar isso será apenas alguns meses”. Segundo o executivo, o projeto da fábrica já foi alterado para acelerar o processo, e por isso a licença de construção deve sair dentro de 30 dias. A unidade, prevista para ter capacidade inicial de 150 mil unidades/ano, deverá atender outros mercados sul-americanos, na proporção de 30% da produção.
Entrada pelo Uruguai
Curi revelou que estuda formas de aumentar a produção da unidade de montagem da Chery no Uruguai, onde já são montados em CKD dois modelos da marca: o Face e o Tiggo. Essa seria uma forma de escapar do aumento de 30 pontos porcentuais para carros importados de fora do Mercosul e México. “Já trazemos o Tiggo e agora estudamos trazer o Face de lá também, mas temos algumas limitações para aumentar muito a produção no Uruguai”, diz, avaliando que o volume de importações do país vizinho deverá girar de 400 a 500 unidades/mês.
A Chery ainda não aumentou os preços de seus veículos, que permanecerão inalterados até dezembro, quando a nova alíquota de IPI começa a ser aplicada. “Depois disso teremos de reajustar, mas não repassaremos todo o aumento de custo, que seria de 26% a 27%”, disse Curi. “Acho que o reajuste médio não chegará nem a 10%, pois precisamos manter nossa boa relação custo/benefício para continuar crescendo no País.”
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